VaideBet e Corinthians: vice do clube afirma que alertou presidente sobre "laranja" em maio
Em depoimento à polícia, Armando Mendonça assegurou que Augusto Melo teve ciência de repasses do intermediário, 15 dias antes de repercutir o caso
O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, prestou depoimento à polícia nesta terça-feira (11), a respeito da acusação de um possível "laranja" nos repasses do valor pago à Rede Social Media Design Ltda, que atuou na intermediação do contrato da casa de apostas VaideBet com o clube paulista.
+ Exclusivo: suposta "laranja" em esquema de patrocínio do Corinthians presta depoimento à Polícia
Em depoimento concedido na sede do Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), Armando Mendonça assegurou que Augusto Melo, presidente do Corinthians, teve ciência das acusações de repasses do intermediário ainda em maio.
+ Entenda as denúncias que motivaram a rescisão entre VaideBet e Corinthians
"No dia 8 de maio, informei ao presidente da diretoria do SCCP que a empresa intermediadora do nosso patrocínio Master à época Vai de Bet - Rede Social Media, havia recebido R$ 1.400.000,00, em um intervalo de apenas três dias (no mês de março de 2024). E que, ao recebimento desses valores essa empresa, segundo o jornalista, havia desviado quase sua totalidade do valor para uma empresa fantasma - de uma "laranja".
Ainda para a polícia, Armando informou que Augusto não via com bons olhos o fato do diretor administrativo, Marcelo Mariano, ter pedido a um funcionário do departamento financeiro fazer os pagamentos para a intermediadora na ausência do diretor do setor.
"O presidente não via com bons olhos, pois entendia ser um ato de má gestão o fato do diretor administrativo Marcelo Mariano se aproveitar da ausência do diretor financeiro responsável à época Rozallah Santoro, para pedir que o funcionário do clube subordinado ao diretor financeiro, fizesse o pagamento de duas notas fiscais de R$ 700.000,00 cada, para essa empresa Intermediadora - Rede Social Media"
Relembre o caso
A casa de apostas VaideBet anunciou na semana passada que rescindiu o contrato de patrocinador máster com o Corinthians. O motivo é a denúncia de existência de um possível "laranja" nos repasses do valor pago à Rede Social Media Design Ltda, que atuou na intermediação do contrato.
Ao mesmo tempo em que a principal patrocinadora do Corinthians, a VaideBet, rompia o contrato com o clube, a Polícia Civil de São Paulo passava a investigar as denúncias de irregularidades que motivaram a rescisão.
Investigadores foram ao quarto andar do prédio de número 171 da Avenida Paulista e constataram que a Neoway Soluções Integradas em serviços não existe. Os policiais não encontraram ninguém na sede da empresa.
A Neoway é suspeita de ter recebido dinheiro de uma comissão paga na assinatura do contrato de patrocínio entre o Corinthians e a VaideBet. A casa de apostas investiu R$ 360 milhões pra estampar a camisa do clube por três temporadas.
A denúncia que agora é investigada pela polícia afirma que a empresa Rede Social Media Design foi quem intermediou a assinatura do contrato entre o Corinthians e a VaideBet. O sócio da Rede Social, Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, teria recebido R$ 1,4 milhão de comissão. Parte desse dinheiro foi repassado para a empresa fantasma Neoway. Segundo a Polícia Civil, Cassundé é dono de outras 35 empresas, todas no estado do Ceará. Ele será investigado.
A Polícia Civil também já localizou a mulher de 23 anos que aparece como dona da suposta empresa fantasma. Ela mora em uma casa simples, em Peruíbe, no litoral paulista. Ela foi avisada que terá que prestar depoimento nos próximos dias. A assinatura digital dela teria sido falsificada para abertura da empresa.