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Polícia

De crime passional a possível envolvimento do PCC: entenda as linhas de investigação do caso Vitória

Jovem de 17 anos foi encontrada morta, na última quarta-feira (05), em região de mata na Grande SP; oito suspeitos já foram ouvidos

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A Polícia Civil de São Paulo continua à procura dos suspeitos de sequestrarem e executarem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos. A operação de busca teve início na manhã desta sexta-feira (07), em uma área de mata no bairro Ponunduva, em Cajamar, na região metropolitana da cidade - próximo ao local onde foi o corpo da jovem foi encontrado, na última quarta (05).

A polícia suspeita que os responsáveis pela morte da adolescente estejam escondidos em algum ponto em meio à vegetação.

Os avanços da perícia

Quatro pessoas foram ouvidas no mesmo dia: o motorista do ônibus no qual a adolescente aparece embarcando, em um circuito de segurança, antes de desaparecer; um vizinho e uma vizinha de suspeitos de participação do crime. A polícia também tentou ouvir uma pastora, apontada como testemunha do caso, mas ela não foi localizada.

Além de prestar depoimento, o vizinho dos suspeitos teve o carro, um Corsa sedan branco, submetido a perícia. Nele, foram encontrados fios de cabelo, uma possível mancha de sangue e um caso rosa. Todo o material foi recolhido e enviado para análise. O veículo também apresentava marcar de terra nas rodas e no porta-malas, vestígios que sugerem que o carro pode ter circulado pela região de mata onde o corpo de Vitória foi localizado.

Ainda durante as buscas, um gol branco foi encontrado abandonado em uma estrada na divisa das cidades de Cajamar e Jundiaí. O veículo, que não tem queixa de roubo, não foi usado no crime, porém, investigadores descobriram que os suspeitos de reuniram no local, em torno do carro, para tratar do crime. Uma garrada de água foi achada no chão, próximo ao carro, e está sendo periciada em busca de material genético. Os investigados negam que o encontro tenha acontecido.

Já na quinta-feira (06), peritos analisaram um outro veículo, um Corolla, que teria sido emprestado a um dos investigados pelo crime. No interior dele, também foi encontrado um fio de cabelo, aparentemente compatível com o da jovem. O material ainda está em análise.

Coleta de depoimentos

Oito pessoas já foram ouvidas desde a descoberta do corpo de Vitória. Algumas delas também foram submetidas a acareações, com o intuito de confrontar as versões dos depoimentos.

À polícia, o motorista do ônibus declarou que a jovem desembarcou do coletivo sozinha, no ponto de sempre, sem uma estrada de terra no bairro Ponunduva, região de chácaras onde mora com a família.

Até o momento, sete pessoas são consideradas suspeitas, entre elas, o ex-namorado de Vitória, Gustavo Vinícius de Moraes Santos. A polícia chegou a pedir a prisão temporária dele, o que foi negado pela Justiça devido à falta de provas.

Linhas de investigação

Uma das principais hipóteses da polícia é de que Vitória Regina tenha sido vítima de um crime passional. O suposto autor, identificado como Daniel, teria um relacionamento amoroso com Gustavo Lira, um ex-namorado da vítima, e teria ciúmes da adolescente.

Dois comparsas teriam participado, junto com Daniel, do assassinato de Vitória. Os três são procurados pela polícia.

As condições em que o corpo da jovem foi encontrado - nua, degolada e com os cabelos raspados - corroboraram para a teoria de que se tratava de um crime passional, segundo os investigadores.

Segundo a polícia, a adolescente tinha três ferimentos causados por faca: um no tórax, um no pescoço e um no rosto. O laudo do IML com a causa da morte ainda não foi divulgado. O documento também deve confirmar se ela foi vítima de violência sexual.

Possível envolvimento do PCC

Outro aspecto do crime também chamou a atenção da polícia: a raspagem dos cabelos da vítima. De acordo com o delegado Aldo Galiano Junior, responsável pelo caso, o rito é uma assinatura característica de facções criminosas.

"A raspagem do cabelo costuma ser um sinal de facções, de mandar um recado", declarou o delegado a jornalistas, no dia em que o corpo da jovem foi encontrado.

A polícia investiga agora um possível envolvimento de Daniel, supostamente o mandante do crime, com o Primeiro Comando da Capital, o PCC.

Além disso, antes de ser morta, a jovem teria sido mantida em cativeiro, por pelo menos dois dias, e torturada. Segundo os investigadores, marcas encontradas no corpo da adolescente indicam sinais de violência antes da morte. Vitória só foi encontrada uma semana após o seu desaparecimento, no dia 26 de fevereiro.

Mensagens antes do desaparecimento

Vitória Regina trabalhava como operadora de caixa em um restaurante em shopping no centro de Cajamar. Ela retornava para casa tarde da noite, por isso, o pai costumava buscá-la no ponto de ônibus. Naquele dia, porém, o carro da família apresentou uma falha mecânica, o que forço a jovem a fazer o trajeto sozinha.

O percurso de cerca de uma hora era feito com dois ônibus. Enquanto aguardava o primeiro, a adolescente enviou uma mensagem a uma amiga, demonstrando estar preocupada. "Tem uns meninos aqui do meu lado, tô com medo", ela escreveu.

Imagens de uma câmera de segurança mostram Vitória no ponto ônibus, cercada por um grupo de rapazes. Ao embarcar no coletivo, ela sinalizou à amiga que poderia estar sendo seguida: "Os dois pegaram, o outro acabou de vir atrás".

Ao desembarcar, Vitória tenta tranquilizar a amiga: "Amiga, tá de boa, nenhum desceu no mesmo ponto que eu, então tá de boaça". Em seguida, a jovem relatou, em áudios, que um carro passou devagar por ela e que os ocupantes a chamaram de "vida", o que a deixou assustada, novamente. Logo depois, ela parou de responder às mensagens e desapareceu.

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