Caso Gritzbach: empresário citou deputado Olim e diretor do Deic em delação sobre propina
OUTRO LADO: Olim e Fábio Pinheiro Lopes negam as acusações e afirmam que Gritzbach mentiu para obter vantagens na delação
SBT News
O Ministério Público investiga a suposta participação do deputado delegado Olim (PP) e do diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) Fábio Pinheiro Lopes, mais conhecido como Fábio Caipira, em uma reunião em que foi alinhado o pagamento de propinas pelo empresário Antônio Vinícius Gritzbach, assassinado em novembro.
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Segundo Gritzbach, um advogado conhecido como Ramses, que seria "muito influente", prometeu resolver todos os seus problemas, como restituição do passaporte, desbloqueio de bens e liberdade durante todos os processos.
O advogado teria, então, se reunido com os delegados Olim, Caipira e outro delegado, de nome Murillo. Após o encontro, Ramses cobrou R$ 5 milhões de Gritzbach, sendo R$ 800 mil em honorários e R$ 4,2 milhões em propinas, que garantiriam a realização de todos os seus "desejos".
O empresário aceitou o acordo e realizou o pagamento da seguinte forma: dois apartamentos, R$ 300 mil em transferência bancária e o restante dividido em cheques e dinheiro vivo.
Por envolver deputado estadual, esta parte da delação só pode ser investigada por procuradores de Justiça do setor de competência originária do Ministério Público, que trata de pessoas com foro privilegiado. As acusações estão sendo analisadas pelos procuradores.
O diretor do Deic, afirmou em nota que a investigação departamento sobre lavagem de dinheiro contra Gritzbach foi realizada dentro da mais estrita legalidade. Dessa forma, ou o empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado.
De acordo com o policial, os imóveis que o delator diz ter sido usado para pagar a suposta propina estão em nome do próprio advogado Ramses e da filha dele, e que na investigação feita pelo Deic, Antônio Vinícius nao teve nenhuma vantagem: ele foi indiciado, teve a prisão pedida e bens bloqueados e continuou com o passaporte apreendido.
O deputado delegado Olim disse que o nome dele foi usado, que a acusação é mentirosa e que o advogado usou o nome de várias autoridades para obter vantagens. Disse ainda que vai tomar todas as medidas legais cabíveis.
Delegados presos
A Polícia Federal, o Ministério Público de São Paulo e a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo realizaram, na última terça-feira (17), uma operação contra uma quadrilha formada por policiais e integrantes do PCC envolvidos em corrupção e lavagem de dinheiro.
Quatro agentes civis e três suspeitos de envolvimento com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) foram presos. Os agentes da polícia civil são o delegado Fábio Baena Martin e os investigadores Eduardo Monteiro, Marcelo Ruggieri e Marcelo Bombom. Um último agente alvo da ação é o investigador Rogério de Almeida Felício, considerado foragido da Justiça.
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O advogado Ahmed Hassan Saleh e os supostos empresários Robinson Granger de Moura e Ademir Pereira de Andrade são suspeitos de ligação com a facção criminosa.
Os alvos da operação também foram citados nas denúncias de Antônio Vinicius Gritzbach. Os envolvidos nesta operação teriam participado de um esquema milionário que beneficiava o PCC, com informações privilegiadas de apurações policiais com propina e lavagem de dinheiro.
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão.