"Caça-comunistas": grupo cobrava até R$ 250 mil para espionar ministros, Judiciário, deputados e senadores
Nova operação da Polícia Federal contra esquema de venda de decisões judiciais prendeu suspeitos de matar advogado em Cuiabá
Hariane Bittencourt
Felipe Moraes
A Polícia Federal (PF) prendeu de maneira preventiva, nesta quarta-feira (28), cinco integrantes de um grupo suspeito de cobrar até R$ 250 mil para espionar magistrados do Judiciário, ministros, senadores e deputados. Membros se autointitulavam "Comando C4 (Comando de Caça-Comunistas, Corruptos e Criminosos)", rede de civis e militares (da ativa e reserva) descrita pela PF como responsável por planejar assassinatos por encomenda.
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Prisões ocorreram no âmbito da operação Sisamnes, que chegou hoje à sétima fase e apura venda e compra de decisões judiciais no Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação desta quarta, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mirou suspeitos de matar o advogado Roberto Zampieri em Cuiabá, em 2023, crime que teria ligação com esquema de sentenças. Esse grupo, segundo a PF, praticava espionagem e planejava "homicídios sob encomenda".
Uma tabela encontrada pela PF e a que o SBT News teve acesso descreve possíveis autoridades alvos dessa espécie de "empresa de extermínio": "especialistas" a serem contratados e até detalhes como armamentos, aluguel de espaços e uso de drones, rastreadores, telefones por satélite, disfarces (perucas e bigodes) e "garotas e garotos de programa" como iscas em supostas ações de monitoramento.

O documento fornece preços para espionar autoridades, segundo confirmação da PF ao SBT News. "Figuras normais" custariam R$ 50 mil.
- Deputados - R$ 100 mil;
- Senadores - R$ 150 mil;
- Ministros e/ou membros do Judiciário - R$ 250 mil.
A tabela traz ainda recomendação de modelos específicos de veículos, com placas frias, e arsenal previsto para emprego nessas ações, como fuzis do tipo sniper, lança-rojão, minas magnéticas, explosivos com detonação remota e fuzis lançadores de dardos, "tipo captura de animais".
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Operação Sisamnes
Nesta quarta, a PF deflagrou a 7ª fase de uma operação para investigar os possíveis mandantes e participantes do homicídio de um advogado em 2023, em Cuiabá, no Mato Grosso.
Durante as investigações, a PF descobriu a existência de uma organização criminosa mais ampla, responsável pela prática de crimes como espionagem e homicídios sob encomenda.
Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva nas primeiras horas do dia. Quatro pessoas foram alvos, ainda, de mandados de monitoramento eletrônico.
Além disso, outros seis mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.
*Colaboraram Rafael Porfírio e SBT em Cuiabá