Nova fase de operação da PF contra venda de decisões judiciais mira suspeitos de matar advogado
Polícia Federal cumpre mandados em três estados para investigar autores e mandantes do assassinato de Roberto Zampieri, morto em 2023 em Cuiabá

SBT News
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (28) a sétima fase da operação Sisamnes, que apura um suposto esquema de venda de sentenças judiciais em tribunais de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nessa etapa, a investigação foca nos possíveis mandantes e eventuais coautores do assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado com 10 tiros em frente ao próprio escritório, em Cuiabá (MT), em 2023.
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Zampieri seria um dos envolvidos no esquema de venda de facilidades no STJ. Durante a apuração, a PF identificou a atuação de uma organização criminosa envolvida em crimes como espionagem e homicídios por encomenda.
Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, quatro ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão.
As medidas ocorrem nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Também foram impostas medidas cautelares, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre os investigados, impedimento de saída do país e apreensão de passaportes. A identidade dos alvos não foi divulgada.
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Advogado executado em Mato Grosso
O advogado Roberto Zampieri, de 56 anos, foi assassinado na noite de 5 de dezembro de 2023, em frente ao seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá (MT). Ele estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingido por diversos disparos de arma de fogo.
Segundo a Polícia Civil, o crime foi motivado por uma disputa por terras. O inquérito, concluído em julho de 2024, apontou um fazendeiro de 73 anos como mandante. "Ocorreu devido a uma disputa onde o irmão de um amigo já tinha perdido, em tese, a sua propriedade", explicou o delegado Nilson Farias, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na época, em entrevista ao SBT Cuiabá.
A investigação identificou todos os envolvidos no crime: o executor, o intermediário, o financiador e o mandante. Os responsáveis por executar a ação foram presos no início de 2024 no estado de Minas Gerais e, posteriormente, transferidos para Cuiabá. Segundo o delegado, o executor recebeu R$ 40 mil para cometer o homicídio – R$ 20 mil pagos antes e R$ 20 mil após o crime.
Em março do ano passado, a Polícia Civil cumpriu a prisão temporária do mandante, autorizada pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá. No entanto, ele foi liberado posteriormente pela Justiça mediante medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Em abril, um mandado de busca e apreensão foi cumprido para recolhimento de celulares, mas os investigadores apuraram que o suspeito e a esposa já haviam trocado os aparelhos, diferentes daqueles utilizados na época do crime.