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Atlas da Violência: Brasil tem menor taxa de homicídios em 11 anos, mas assassinatos de mulheres aumentam

Homicídios femininos cresceram 2,5% em 2023 em relação a 2022; mulheres negras são maioria entre as vítimas

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O Brasil registrou 45.747 homicídios em 2023, menor número dos últimos 11 anos. Apesar da melhora, os números seguem altos: mais de cinco pessoas foram assassinadas por hora no país. Além disso, a taxa de homicídios contra mulheres cresceu em relação a 2022, indo na contramão da queda geral.

+ Violência contra mulheres cresce e segurança particular vira alternativa

Os dados são do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

+ Meninas até 14 anos são maiores vítimas de violência sexual, revela Atlas da Violência

Violência contra jovens, mulheres e população negra

Jovens de 15 a 29 anos foram as principais vítimas da violência letal: quase metade dos homicídios em 2023 ocorreu nessa faixa etária — média de 60 jovens mortos por dia.

A maioria dessas mortes envolveu armas de fogo, principalmente entre adolescentes. Desde 2013, mais de 312 mil jovens foram assassinados no país.

Além disso, houve um crescimento de 36,2% das notificações de violências não letal, como psicológica, física e sexual, além de negligência/abandono, entre 2022 e 2023, com um recorde de 115.384 atendimentos de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos no último ano analisado.

Entre as mulheres:

  • Os homicídios contra mulheres cresceram 2,5% em 2023 em relação a 2022, indo na contramão da queda geral;
  • Mulheres negras são maioria entre as vítimas: 68,2% dos casos;
  • Roraima teve a maior taxa: 10,4 homicídios por 100 mil mulheres.

A violência não letal contra meninas e mulheres também cresceu:

  • Houve 177 mil atendimentos por violência doméstica em 2023, aumento de 22,7%.
  • 1 em cada 4 vítimas tinha até 14 anos.

Outros grupos vulneráveis

  • Pessoas negras têm 2,7 vezes mais chance de serem assassinadas do que pessoas não negras.
  • Povos indígenas apresentaram taxa de homicídios de 22,8 por 100 mil, maior que a média nacional.
  • Entre as pessoas com deficiência, mulheres com deficiência intelectual têm os maiores índices de violência, principalmente em casa.

Por que os homicídios caíram?

O levantamento aponta três fatores principais:

  • Envelhecimento da população: a queda no número de jovens, mais envolvidos em crimes, reduz os homicídios;
  • Trégua entre facções criminosas: a rivalidade entre grandes grupos como PCC e Comando Vermelho diminuiu;
  • Mudanças na segurança pública: ações mais estratégicas e preventivas, em vez de operações ostensivas, ganharam espaço.

Com isso, 11 estados registram queda contínua nos homicídios há mais de sete anos. Os menores índices estão nos estados da região Sul, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Já as maiores taxas continuam concentradas nas regiões Norte e Nordeste.

Homicídios ocultos: o que não aparece nas estatísticas

Entre 2013 e 2023, mais de 135 mil mortes violentas não tiveram a causa esclarecida. Usando inteligência artificial, o Atlas estima que 51.608 dessas mortes foram, na verdade, homicídios não registrados — o equivalente à queda de 100 aviões lotados, sem sobreviventes.

Com isso, o total real de homicídios no período pode ter sido de 650 mil, e não 598 mil, como indicam os registros oficiais.

Por outro lado, 21 estados conseguiram reduzir esse tipo de erro. No Espírito Santo, por exemplo, os homicídios ocultos caíram de 205 em 2022 para apenas 7 em 2023, graças à integração entre as áreas de saúde, segurança e planejamento.

Violência no trânsito: a nova preocupação

A edição de 2025 traz um alerta sobre os acidentes de trânsito. Entre 2010 e 2019, foram 392 mil mortes, com crescimento de 13,5% em relação à década anterior.

As motocicletas são o grande fator de risco: no Piauí, 7 a cada 10 mortes no trânsito envolvem esse tipo de veículo. O problema se repete em vários estados do Nordeste.

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