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Polícia

Apreensões de armas de guerra crescem no Sudeste do Brasil e expõem rotas do crime

Estudo aponta aumento de fuzis e metralhadoras em circulação e revela falhas no controle de arsenais e fronteiras

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Fuzis, submetralhadoras e metralhadoras fazem parte do dia a dia de facções que dominam territórios e enfrentam a polícia. Só no Sudeste do país, a apreensão desse tipo de armamento cresceu 11% entre 2019 e 2023. Mais de 1.600 armas de alto poder de fogo foram retiradas das ruas.

O Rio de Janeiro lidera as apreensões, seguido por Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Os dados fazem parte de um estudo da London School of Economics, em parceria com o Instituto Sou da Paz.

Segundo Natália Pollachi, diretora de projetos do Instituto Sou da Paz, “esse é o tipo de arma que permite o domínio territorial, o enfrentamento com agentes do Estado, assaltos a bancos, execução de autoridades. Qualquer aumento na presença dessas armas precisa de uma resposta por parte do Estado”.

Essas armas foram usadas em crimes que chocaram o país, como a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande, no litoral paulista, há duas semanas, e o assassinato do delator do PCC, Vinicius Gritzbach, no Aeroporto de Guarulhos, em novembro do ano passado.

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Para o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, delegado Romualdo Gianórdoli, a solução vai além das apreensões. “O melhor cenário não é apreender os fuzis quando eles já estão aqui. O melhor cenário é a determinação das rotas por onde esses fuzis entram e podermos evitar que eles entrem em nosso território.”

Segundo ele, muitas armas vêm dos Estados Unidos e entram no Brasil pela fronteira com o Paraguai.

Mas o problema não se resume ao contrabando. Em 2023, o furto de 21 metralhadoras de um quartel do Exército, na Grande São Paulo, expôs a falta de controle até mesmo em arsenais militares.

O estudo aponta quatro principais origens para esses armamentos: importações legais desviadas, contrabando internacional, furtos das Forças Armadas e produção artesanal. No Rio de Janeiro e em São Paulo, são fabricadas as chamadas “armas fantasma”, montadas a partir de peças que tornam impossível o rastreamento.

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Em outros casos, os criminosos contam com o apoio de CACs, os colecionadores, atiradores desportivos e caçadores. Gianórdoli explica: “O fato é que a facilitação e a falta de fiscalização dos CACs causaram um maior incremento da quantidade de armas de fogo que adentraram o território brasileiro. Como os CACs podiam adquirir livremente com pouca fiscalização, eles adquiriram fuzis e rapidamente houve várias fraudes. Faziam registro de boletim de ocorrência de furto, e essas armas acabavam caindo nas mãos de criminosos.”

Para o Instituto Sou da Paz, o caminho passa pela investigação especializada. “A gente tem no Brasil uma prática muito interessante de seis estados que têm delegacias especializadas no enfrentamento ao tráfico de armas. Essa análise dedicada é muito importante, porque o policial do dia a dia não consegue ir atrás da origem da arma. Senão, a gente fica enxugando gelo. Precisa fechar as torneiras”, afirma Natália Pollachi.

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