Usina no RS transforma lixo em energia limpa e já abastece caminhões com biometano
Instalado em Minas do Leão, interior do estado, empreendimento tenta reduzir emissão de gases de efeito estufa
Eduardo Pinzon
Começou a funcionar, no interior do Rio Grande do Sul, a primeira usina de biometano do estado, uma tecnologia inovadora que transforma lixo em combustível renovável. Instalado em Minas do Leão, o empreendimento utiliza resíduos orgânicos em decomposição para gerar energia limpa, com potencial de abastecer caminhões, indústrias e contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa.
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O processo começa quando os caminhões de lixo chegam ao aterro sanitário na cidade. São restos de alimentos e outros resíduos orgânicos em decomposição que, ao invés de ficarem acumulados, agora se transformam em combustível renovável.
Segundo o diretor-executivo da Biometano Sul, Rafael Salamoni, o biogás liberado no aterro é a matéria-prima desse processo:
“O aterro sanitário acaba produzindo o chamado biogás, que é rico em metano. A gente faz um processo de purificação, extraindo outras impurezas e deixando somente o metano seguir o fluxo. No final, temos um gás compatível com o gás natural, que pode ser utilizado pelas indústrias.”, diz Salamoni.
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O biogás é captado por tubulações, levado até a usina, comprimido em cilindros e, assim, está pronto para ser comercializado. Ainda de acordo com Salamoni, a produção pode atingir níveis expressivos.
“Nós vamos produzir, nesse primeiro momento, 46 mil metros cúbicos de biometano por dia, podendo chegar até 66 mil. Só no Rio Grande do Sul se consome entre 2 milhões e 2,5 milhões de metros cúbicos por dia. Ou seja, já teremos uma contribuição relevante para o consumo do estado.”
Essa quantidade é suficiente para abastecer 150 caminhões diariamente, com autonomia para rodar até mil quilômetros cada.
A usina também tem capacidade para produzir o equivalente a 12,5 mil botijões de gás por dia, transformando lixo em energia limpa. O combustível já tem destino certo: empresas que investem em descarbonização.
Vantagens econômicas
Um exemplo dessa ação é a transportadora Reiter Log, que já conta com mais de um terço da frota movida por fontes renováveis. Os caminhões abastecidos com biometano fazem a rota entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, e a meta é ter todos os veículos operando com energia limpa nos próximos dez anos.
Para a vice-presidente de ESG (Ambiental, Social e Governança) da empresa, Vanessa Reiter Pilz, os benefícios vão além do meio ambiente, pois reduz a necessidade de compra de créditos de carbono, beneficiando os clientes.
“Com projetos assim, conseguimos muitas vezes empatar os custos ou até reduzir, dependendo da produtividade da operação. Em alguns casos, conseguimos gerar economia para os nossos clientes. Com a redução da emissão de CO₂ proporcionada pelos veículos movidos a combustíveis alternativos, nossos clientes deixam de precisar comprar créditos de carbono, podendo investir esse valor diretamente no incremento do frete”, destaca Vanessa.