Valdemar recua após admitir planejamento de golpe no Brasil: “Declaração interpretada de forma equivocada”
Após repercussão negativa, presidente do PL afirmou que Bolsonaro “sempre deixou claro que não aceitaria nada fora da Constituição”

Jessica Cardoso
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, recuou nesta segunda-feira (15) de suas declarações sobre ter tido um planejamento de golpe de Estado no Brasil. Segundo ele, sua fala foi “interpretada de forma equivocada”.
“É claro que eu não falei nesse sentido. Minha fala foi feita com uma condicionante: se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que tivesse… Foi no campo do imaginário. E está claro: nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro do Supremo, Luiz Fux, já confirmou isso. O que precisa ficar registrado é que não houve golpe”, afirmou em nota.
Segundo o dirigente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “sempre deixou claro que não aceitaria nada fora da Constituição”.
“Ele recuou de qualquer ideia nesse sentido e conduziu a transição de forma democrática. Esse é o fato”, concluiu.
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A manifestação ocorreu após a repercussão das falas de Valdemar no sábado (13), durante o Rocas Festival, em Itu (SP), evento voltado ao setor de cavalos de luxo.
No palco, ao lado do presidente do PSD, Gilberto Kassab, ele havia admitido que “houve um planejamento de golpe” no Brasil, mas argumentou que isso não configuraria crime.
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil, a lei diz o seguinte: ‘se você planejar um assassinato, planejou tudo, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não foi crime. O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”, disse na ocasião.
Valdemar também criticou a condenação do Supremo Tribunal Federal (STF) aos oito réus do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe, que inclui Bolsonaro. Ele classificou a decisão como “exagerada”, mas falou sobre a necessidade de respeitá-la.
“O grande problema é o seguinte: o Supremo decidiu. Temos que respeitar. Mas o Supremo só está fazendo isso porque tem apoio do governo. Lula está do lado deles. Então, esse é o grande problema que enfrentamos”, afirmou.
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O presidente nacional do PL também voltou a defender a anistia e projetou que a direita deve conquistar ao menos 45 cadeiras no Senado em 2026.
Reação
As declarações causaram reação imediata. Fábio Wajngarten, ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações, criticou em publicação no X: “Houve planejamento de golpe? Se sim, por quem? Alguém financiou? Não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega”.
Já o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, chamou o episódio como “sincerídio”.
Para o petista, ao admitir o planejamento, Valdemar acabou reconhecendo que a organização criminosa ultrapassou a fase de cogitação e partiu para a execução, com o chamado Plano Punhal Verde e Amarelo, que previa a morte de Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O deputado também afirmou que, ao dizer que a decisão do STF precisa ser respeitada, o próprio dirigente do PL enfraquece o argumento em favor da anistia. “Golpe contra a democracia não se perdoa: quem planejou deve responder perante a Constituição e a Justiça”, concluiu.
Leia a íntegra da nota de Valdemar Costa:
Durante um evento realizado no interior de São Paulo, uma declaração minha acabou sendo interpretada de forma equivocada e gerou repercussão. Por isso, considero importante esclarecer de maneira objetiva o que foi dito.
É claro que eu não falei nesse sentido. Minha fala foi feita com uma condicionante: se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que tivesse… Foi no campo do imaginário. E está claro: nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro do Supremo, Luiz Fux, já confirmou isso.
O que precisa ficar registrado é que não houve golpe. O presidente Bolsonaro sempre deixou claro que não aceitaria nada fora da Constituição. Ele recuou de qualquer ideia nesse sentido e conduziu a transição de forma democrática. Esse é o fato.