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Política

'Tomar lado': depoimentos revelam esquema na PRF para dificultar votos em Lula em 2022

Ex-coordenador da PRF relatou ordens para abordagens no Nordeste; servidor do Ministério da Justiça detalhou uso de dados sigilosos para direcionar ações

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Depoimentos do ex-coordenador da Polícia Rodoviária Federal Adiel Alcântara e de Clebson Ferreira, servidor do Ministério da Justiça (MJ), nesta segunda-feira (19), revelam novos detalhes sobre como a PRG e o Ministério atuaram com aparente viés político durante as eleições de 2022. As declarações reforçam as investigações sobre possível uso de estruturas estatais para influenciar o pleito.

O ex-coordenador de inteligência da PRF, afirmou em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) que a corporação recebeu ordens para priorizar abordagens a ônibus com destino ao Nordeste antes do segundo turno das eleições.

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Segundo Alcântara, em reunião no dia 20 de outubro de 2022 no gabinete de operações da PRF, o inspetor Djairlon solicitou reforço nas fiscalizações de veículos vindos de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com destino à região Nordeste. A justificativa oficial era combater crimes eleitorais e acidentes, mas o ex-coordenador disse ter questionado o foco geográfico.

"Transpareci que achei estranha aquela ordem, e ele [Reischak] disse: 'Adiel, tem coisas que são ou parecem ser. Tá na hora da PRF tomar lado (...). Aquilo era ordem do diretor-geral [Silvinei Vasques]", relatou Alcântara.

Ele também mencionou cobranças por registros das operações. No dia 28 de outubro, o então diretor de inteligência da PRF, Alexandre Reischak, informou que Silvinei Vasques pedia dados e fotos das abordagens. "Ele consolidou os dados e disse: 'Estamos abordando mais ônibus que veículos'. Eu falei: 'Basta esclarecer ao diretor-geral'. E ele respondeu: 'O DG está cobrando os superintendentes, inclusive por fotos das abordagens'", contou Alcântara.

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Servidor do Ministério da Justiça denuncia uso de dados eleitorais

Clebson Ferreira de Paula Vieira, servidor do Ministério da Justiça, depôs ao STF sobre o uso de informações sigilosas para direcionar operações da PRF. Ele afirmou que recebeu ordens da então diretora de Inteligência, Marília Alencar, para analisar municípios onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve mais de 70% dos votos no primeiro turno, especialmente no Nordeste.

"Havia um ar de desespero. Todos estavam enviesados pela narrativa de que as pesquisas estavam erradas e havia fraude nas urnas", declarou Ferreira a Moraes. O servidor disse ter ficado "apavorado" ao perceber que sua análise técnica estava sendo usada para embasar o que classificou como "decisão ilegal".

Para se resguardar, Ferreira guardou cópias dos documentos antes mesmo do fim das eleições. "Eu vi que uma habilidade técnica minha foi utilizada para uma tomada de decisão ilegal. Me preparei para falar no momento oportuno", afirmou.

Questionado sobre o envolvimento do então ministro da Justiça, Anderson Torres, Ferreira disse não ter recebido ordens diretas dele, mas destacou que era incomum a inteligência do MJ interferir em assuntos operacionais da PRF.

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