Lula recebe de cientistas Plano Brasileiro de Inteligência Artificial: 'podemos ter uma IA nossa'
Presidente diz que recebeu um "presente dos cientistas", mas afirma que a inteligência humana é "superior" pois controla a IA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) a proposta do primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). A cerimônia para a entrega, nesta terça-feira (30), faz parte do principal fórum de debates sobre o futuro da ciência no país, a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A previsão é que o governo federal invista R$ 23 bilhões na tecnologia até 2028.
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O Plano de IA foi encomendado por Lula no início deste ano ao CCT. O fórum iniciado nesta terça-feira debaterá o futuro da Inteligência Artificial (IA) com recomendações para atrelar a discussão da tecnologia a temas urgentes, como mudanças climáticas, transição energética, financiamento da ciência, políticas de apoio à inovação nas empresas, transição demográfica e outros.
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O presidente lembrou que foi seu primeiro evento público desde o pronunciamento veiculado no domingo (28). Segundo Lula, o recebimento da proposta da PBIA foi um "presente" para ele.
"Um país que tem base intelectual respeitada no mundo, que tem um povo tão generoso, esse país não pode criar o seu mecanismo ao invés de ficar esperando que a IA venha da China, dos EUA, da Coreia do Sul, da Coreia não sei da onde, venha do Japão? Porque ela não pode ser nossa?", disse Lula.
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Lula também repetiu raciocínio em outros eventos sobre valorizar a inteligência humana em detrimento da IA. Ele também fez críticas aos dados coletados em massa por big techs.
"Se essa coisa é tão boa, porque que é artificial? Porque ela é artificial e pode ser manipulada pela inteligência humana. Precisamos de uma coletânea de dados e a inteligência humana é que pode aperfeiçoá-la. Hoje temos uma coletânea de todos os dados, e temos as big techs que fazem isso sem pedir licença e sem pagar imposto. E ainda cobram dinheiro e ficam ricas por divulgar coisas que não deveriam ser divulgadas", disse.
O plano apresentado a Lula é resultado de reuniões de trabalho do CCT com mais de 300 propostas e 38 documentos. Foram mais de 300 participantes em seis oficiais com membros do conselho, especialistas, representantes de instituições públicas de Tecnologia da Informação, setor privado, sociedade civil, além do governo federal e órgãos de regulação e controle.
Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, iniciativas já estão em curso ou prestes a serem lançadas "no curtíssimo prazo" para resolver problemas específicos nas seguintes áreas: Saúde, Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Social e Gestão do Serviço Público. Ao todo, serão 31 ações nas áreas citadas.
Segundo o governo, um dos objetivos de desenvolver a IA no Brasil é criar modelos avançados com linguagem em português, com dados nacionais que abarcam a "diversidade cultural, social e linguística, para fortalecer a soberania em IA".