Secretário do RJ sugere que criminosos tenham decapitado corpo: 'Quem disse que foi a polícia?'
Felipe Curi afirmou que bandidos podem ter feito 'novas lesões' nos corpos dos que morreram na operação 'Contenção' para chamar a atenção da imprensa

Sofia Pilagallo
Murillo Otavio
Com informações do SBT Rio
O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, sugeriu que criminosos podem ter cortado a cabeça de um corpo que apareceu decapitado após a megaoperação que deixou mais de 100 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na terça-feira (28).
Uma moradora que conversou com a equipe de jornalismo do SBT afirmou que "teve corpo com a cabeça decapitada" e também sem perna na área de mata no alto da Penha onde os moradores encontraram mais de 70 corpos.
"Quem disse que foi a polícia que cortou a cabeça? Os criminosos podem ter feito novas lesões nos corpos, podem ter feito isso aí [cortado a cabeça] para chamar a atenção da imprensa", disse Curi durante entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), nesta quinta-feira (30).
Curi acusou os moradores dos complexos de "vilipêndio de cadáver", uma vez que eles removeram os corpos da área de mata e os enfileiraram em uma praça. Ele alegou ainda que os moradores teriam usado carros roubados para transportar os cadáveres.
O secretário afirmou que a remoção dos corpos poderia ter causado novas lesões e que as origens destas serão apuradas na perícia, feita pela Polícia Civil e acompanhada pelo Ministério Público do RJ. Na quarta-feira (29), ele disse que abriria um inquérito para investigar a retirada dos corpos e falou em "fraude processual".
"A perícia é capaz de identificar se uma lesão foi produzida num corpo vivo ou morto. Quanto a isso, estamos bem tranquilos, porque a prova material é a que vai valer para que isso seja avaliado no que o foro é competente, que é a Justiça", declarou.
Com ao menos 121 mortos, segundo as forças de segurança do Rio, a operação "Contenção" já é considerada a mais letal da história do estado fluminense e do século 21, no Brasil. Em contraponto aos dados do governo do Rio, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que ao menos 132 pessoas morreram.
De acordo com o governo do Rio, a operação teve como objetivo desarticular a estrutura do Comando Vermelho (CV), facção que domina territórios na capital fluminense. A Polícia Civil (PCERJ) informa que 113 pessoas foram presas até o momento. O governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como um "dia histórico no enfrentamento ao crime organizado".
A Defensoria Pública da União (DPU) e 29 entidades de direitos humanos repudiaram a operação, que chamaram de "uma matança produzida pelo Estado brasileiro", fruto de uma "política de extermínio travestida de combate ao crime". A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou estar "horrorizada" com a ação e cobrou investigação rápida e transparente.









