Adolescente que matou família planejou assassinar pais de namorada virtual, diz delegado
Polícia Civil afirma que jovem de Mato Grosso incentivou mortes; ela foi apreendida nesta segunda-feira (30)
Emanuelle Menezes
A Polícia Civil de Mato Grosso revelou detalhes sobre o que planejava o adolescente de 14 anos que matou a tiros o pai, a mãe e o irmão de apenas três anos em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o crime, ocorrido no último dia 21, teria sido incentivado por uma adolescente de 15 anos, de Água Boa (MT), com quem o jovem mantinha um relacionamento virtual há seis anos. Os dois também combinaram de assassinar os pais dela.
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Os adolescentes se conheceram em um jogo online quando tinham apenas nove anos. Com o tempo, o vínculo se transformou em um namoro virtual, mantido à distância. De acordo com o delegado Matheus Soares Augusto, o estopim para o crime foi a oposição da família do garoto à viagem dele para Mato Grosso, para onde ele queria ir para encontrar a namorada.
Em depoimento, a adolescente confessou que incentivou ativamente os assassinatos. As mensagens trocadas entre os dois chocaram até mesmo os policiais mais experientes. "A frieza com que conversavam sobre matar os pais e se livrar dos corpos é assustadora", relatou o delegado.
Em uma das conversas analisadas pela polícia, no dia do crime, o garoto avisa: "Atirei no meu pai". A menina responde: "Agora atira nela", referindo-se à mãe. Em seguida, ele matou também o irmão pequeno.
As investigações apontam ainda que, após o encontro no Mato Grosso, os dois planejavam matar os pais da adolescente. "O objetivo deles era ficar juntos e eliminar todos aqueles que os impedissem de viver esse amor proibido", afirmou o delegado.
A Polícia Civil de Água Boa apreendeu o computador da garota e encontrou provas contundentes da sua participação no plano. Após representação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, a Justiça decidiu pela apreensão da adolescente. Ela foi apreendida nesta segunda-feira (30) e será encaminhada ao sistema socioeducativo.
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O crime
De acordo com as investigações, o jovem utilizou a arma de fogo do pai, que era atirador esportivo, para matar a mãe, o pai e o irmão de 3 anos enquanto eles dormiam, no último sábado (21). Depois, ocultou os corpos na cisterna da casa e foi até a delegacia com a avó, alegando que a família havia desaparecido.

Segundo a versão do jovem para a polícia, Inaila Teixeira, de 37 anos, e Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, teriam levado o irmão mais novo ao médico, após ele engolir um pedaço de vidro, mas não retornaram para casa e nem atenderam ligações. A versão não convenceu os agentes.
A polícia realizou buscas na residência e localizou vestígios de sangue no colchão, roupas sujas, sinais de queimadura e uma mala com dois celulares. Um forte odor vinha do reservatório de água da residência, onde os corpos foram localizados. Levado de volta à delegacia, o adolescente confessou o crime aos investigadores.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o adolescente premeditou o crime com a intenção de sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do pai. O dinheiro, cerca de R$ 33 mil, seria usado para viajar até o Mato Grosso. No celular dele, foram encontradas pesquisas sobre "como receber FGTS de pessoas falecidas".
O menor foi apreendido na quarta-feira (25) e, na sexta (27), transferido para uma unidade de internação provisória em São Fidélis, no Norte Fluminense. Ele deve permanecer no local por até 45 dias, enquanto a Justiça decide o destino definitivo para o cumprimento das medidas socioeducativas.