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Orçamento do esporte no Brasil cresce em 2024 após taxação de apostas online

Atletas olímpicos podem receber patrocínios de sites das chamadas “bets”? Entenda

Orçamento do esporte no Brasil cresce em 2024 após taxação de apostas online
Bets | Joédson Alves/Agência Brasil
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Enquanto o Brasil conquistou mais uma medalha de bronze, nesta quinta-feira (8), por coincidência ou não, o orçamento para os atletas vai ficar maior a partir deste ano. Os pódios na França ajudam a trazer mais patrocinadores aos atletas, mas os recursos públicos também vão aumentar por conta da regulamentação das apostas esportivas no Brasil.

Desde o começo de 2024, quando a lei foi sancionada, a atividade das empresas que atuam no país foi taxada em 12% da arrecadação. Desse valor, 36% será repassado ao esporte brasileiro.

Ou seja, esse dinheiro vai para o Comitê Olímpico, Paralímpico, para clubes esportivos, aos próprios atletas, além, é claro, dos governos estaduais e do Ministério do Esporte.

Se estiverem corretas as previsões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a atividade das apostas esportivas no Brasil deve render R$ 2 bilhões em arrecadação de impostos só em 2024. Fazendo as contas, nós chegamos a um valor extra de quase R$ 86,5 milhões neste ano.

No Brasil, ao somar Bolsa Atleta com as leis de incentivo ao esporte e Agnelo Piva, o valor do orçamento público no último ciclo olímpico (entre 2022 e 2024) é de 950 milhões de dólares (cerca de R$ 5,27 bilhões).

Atletas podem receber patrocínio das bets?

A postura do Comitê Olímpico Internacional (COI) publicou, em 2020, um documento com recomendações para os comitês de cada país que tenham ofertas de patrocínio de casas de apostas.

Segundo o guia, cada instituição precisa checar se as empresas seguem o mínimo necessário de transparência, lisura e regularidade dentro das suas atividades. Não proíbe, nem incentiva o patrocínio das "bets" aos comitês de cada país.

Além disso, o COI reforça que atletas não podem apostar nos próprios esportes, e pedem que os comitês avisem equipes e acionistas quanto aos riscos da manipulação de resultados e do conflito de interesses com relação a esse tipo de patrocínio.

Até hoje, nenhuma edição dos Jogos Olímpicos até hoje teve como patrocinador uma empresa de apostas online.

No Brasil, temos ex-atletas como garotos-propaganda, mas ninguém da delegação brasileira em Paris tem patrocínio direto vindo das apostas.

Mesma coisa em relação ao Comitê Olímpico do Brasil (COB). Mas, com relação a jogos de azar, as loterias federais aparecem como parceiros do COB, por conta da Lei Agnelo/Piva, que destina 2% desta arrecadação para o esporte brasileiro.

Procurado pela reportagem, o COB ainda não respondeu ao SBT News sobre possibilidade de aceitar propostas de patrocínios de sites de apostas.

Por outro lado, o presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), Plínio Lemos Jorge, afirma que há interesse das empresas em investir no esporte olímpico e nos atletas brasileiros.

“Agora com o mercado regulamentado, já com uma legislação consolidada, com certeza as casas de aposta tem interesse de patrocinar outros tipos de esporte, fomentar o esporte como contribuição social para a população do Brasil. A partir do ano que vem, que é o momento que as casas terão sua licença já expedida, com certeza esse cenário vai ser de muito incentivo e muita contribuição com o esporte”, comentou.

No entanto, o debate sobre este tipo de aproximação entre atletas e empresas de aposta existe por conta de problemas recentes.

O Senado Federal conduziu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de manipulação de resultados de futebol no país.

Em julho saiu o relatório, que apontou uma movimentação suspeita de R$ 9,2 milhões em apostas entre 2022 e 2023.

Atitudes irregulares como um cartão amarelo forçado, um lateral entregue de propósito, ou uma substituição inusitada teriam beneficiado certos apostadores.

Os senadores tiveram acesso a informações de 142 partidas realizadas no Brasil, das quais 52 geraram a movimentação suspeita. Nenhum destes jogos envolveu a Série A do Campeonato Brasileiro.

Outro caso conhecido é o do jogador Lucas Paquetá. O meia da seleção brasileira é acusado na Inglaterra de receber cartões amarelos de propósito para beneficiar amigos em apostas.

O jogador nega as acusações, mas pode enfrentar suspensão de dez anos caso seja condenado.

Diante deste cenário, o representante das empresas de bets afirma que casos como esse representam não só um risco para a integridade do esporte, mas também uma dor de cabeça para a atividade das apostas no Brasil. Por isso, listou medidas para evitar novas suspeitas.

“Sempre que existe uma fraude numa aposta, a casa é vítima e perde o dinheiro e, por isso, precisa se resguardar. Os mecanismos de integridade que já são adotados e serão adotados a partir do próximo ano são muito rigorosos. Temos empresas internacionais que farão o monitoramento desse tipo de aposta, movimentando e dando orientação sobre apostas que fogem do limite ou do lugar comum. Os mecanismos já estão sendo utilizados para que desvios sejam apontados e possamos procurar as autoridades, o Ministério Público, a Polícia Civil e o Ministério da Fazenda. Para a gente é importante não só a segurança financeira, mas que o esporte seja valorizado”, avaliou Plínio.

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