Olimpíada de Paris: técnica húngara de ginástica é suspeita de fazer gesto supremacista branco
Sentada ao lado da ginasta Fanni Pigniczki, Noémi Gelle fez gesto polêmico enquanto esperava a nota no individual geral
A treinadora húngara de ginástica rítmica Noémi Gelle realizou um gesto polêmico nesta quinta-feira (8), enquanto esperava a nota de sua atleta no individual geral. Sentada ao lado da ginasta Fanni Pigniczki, ela fez uma espécie de "OK" com as mãos, movimento que pode ser interpretado como supremacista branco.
A associação do gesto deriva da afirmação de que os três dedos estendidos se assemelham a um 'W', e o círculo feito com o polegar e o indicador se assemelha à cabeça de um 'P', juntos representando o "White Power" (Poder Branco).
Veja o momento
Este não é o primeiro caso ocorrido nestes Jogos Olímpicos. Um funcionário da OBS (serviço de transmissão olímpica) também realizou o gesto durante a final do skate street feminino, em que Rayssa Leal conquistou o bronze.
As imagens, captadas pela transmissão oficial, foram separadas e enviadas pela reportagem do Intercept Brasil ao Comitê Olímpico Internacional (COI). De acordo com o jornal O Globo, a credencial do funcionário foi retirada após o ocorrido.
Caso no Brasil
Em 2021, o assessor internacional da Presidência da República na ocasião, Felipe Martins, fez o movimento com as mãos durante um discurso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em uma transmissão ao vivo.
Na ocasião, ele negou ter feito qualquer gesto supremacista e afirmou ser judeu, não compactuando com nenhum grupo supremacista. Ele declarou que estava arrumando a lapela do seu microfone naquele momento.
"Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao 'supremacismo branco' porque, em suas mentes doentias, enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados, um a um", publicou no X.
Mas, afinal, o que significa esse gesto "OK"?
O movimento "OK" associado à supremacia branca refere-se ao gesto comum de fazer um círculo com o polegar e o indicador, enquanto os outros três dedos ficam estendidos. Esse gesto é amplamente reconhecido como um sinal de "tudo bem" ou "ok". No entanto, a partir de 2017, ele foi cooptado por grupos de supremacia branca em uma campanha de desinformação promovida no fórum online 4chan.
Originalmente, era uma piada ou "trollagem", destinada a enganar pessoas para acreditarem que o gesto "OK" tinha um significado oculto de supremacia branca.
Apesar de ter começado como um boat (hoax, em inglês), uma farsa, o gesto acabou sendo adotado por alguns indivíduos e grupos de extrema direita, resultando em incidentes em que foi usado intencionalmente como um símbolo de supremacia branca.
Devido a esses incidentes, o gesto foi listado pela Liga Antidifamação (ADL), uma organização não governamental norte-americana, como um símbolo de ódio quando usado em contextos específicos.