Das lesões ao ouro: como contusões de Rebeca Andrade podem atingir atletas amadores
Maior medalhista olímpica do Brasil realizou três procedimentos no ligamento cruzado anterior (LCA), que fica no joelho
SBT News
Antes de se tornar a maior atleta olímpica do Brasil, ao garantir a medalha de ouro no solo, a ginasta Rebeca Andrade deixou o futuro em aberto e uma palavra veio à tona na cabeça de milhões de brasileiros: aposentadoria.
A atleta deu a declaração após conquistar o bronze por equipes durante os Jogos Olímpicos de Paris. Segundo Rebeca, “enquanto meu corpo aguentar, eu vou estar aqui”, mas considerando não disputar o individual geral, modalidade que rendeu a prata agora e em Tóquio-2020.
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Para Natália Mingoranci Correia, especialista em pedagogia do esporte e professora de ginástica artística no Alphaville Tênis Clube, “o individual geral requer muito da atleta, ela tem que ser o mais completa possível pra ter bons resultados nos quatro aparelhos”, tendo que ser uma “ginasta perfeita” - e, como a dourada medalhista, “um solo encantador”.
Segundo a especialista, o solo e o salto são os aparelhos da ginástica artística que oferecem o maior grau de dificuldade, já que “os acrobáticos estão ficando cada vez mais difíceis e complexos, o que exige muito do corpo do atleta”.
Lesões de ginastas também podem atingir atletas amadores
Diante de tantas exigências, Rebeca Andrade não passou imune às contusões comuns de atletas de alto rendimento. A ginasta realizou três procedimentos para tratar lesões do ligamento cruzado anterior (LCA).
De acordo com Lara Franco, fisioterapeuta e coordenadora de fisioterapia do Alphaville Tênis Clube - Equipe Physioway, o LCA é fundamental para a estabilização do joelho, “principalmente quando se trata de movimentos que envolvam rotação, mudança de direção, aceleração e desaceleração”, tão comuns às ginastas.
As contusões, porém, não se limitam aos profissionais. A intensidade é incomparável, já que as ginastas fazem movimentos repetitivos diariamente por conta dos treinos e campeonatos, com maior sobrecarga.
Mas as lesões no LCA são uma das mais comuns, acometendo atletas amadores ou quem pratica esportes que envolvam os movimentos citados acima, ainda que menos intensos, como futebol, futsal, basquete, handebol e beach tennis, já que é praticado em uma superfície instável.
"Todo atleta que tem uma demanda alta de treinamento, para melhorar performance, acaba desenvolvendo muito os movimentos repetitivos, estressando ainda mais as articulações", diz Franco. Como os atletas treinam muito, a performance melhora, mas a repetição constante de movimentos exige cuidados.
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Fatores de risco e pós-operatório
Fatores de risco podem favorecer a lesão, segundo a fisioterapeuta, como “fraqueza muscular, esforço repetitivo, sobrecarga de treino, overtraining, obesidade, lesões prévias no joelho e disfunções anatômicas, como joelho valgo [para dentro]”.
A recuperação no pós-operatório é “dolorosa, tardia e exige dedicação intensa de todos os envolvidos no processo”, de acordo com Franco, com a redução da inflamação e o ganho de força muscular progressivo, buscando “a simetria de força nas musculaturas da perna operada e a não operada”.
Rebeca Andrade, que passou por três cirurgias, retornou para vencer e conquistar a glória olímpica. “Com certeza a equipe e o fisioterapeuta responsável pela Rebeca realizam um trabalho impecável e avaliaram os critérios para passar segurança e para que a atleta pudesse retomar no alto rendimento”, afirma Franco, exaltando a conquista daquela que se tornou “a maior medalhista mulher, negra, da ginastica artística na história do nosso país”.