Zimbábue e Namíbia anunciam plano para abater elefantes e alimentar moradores em meio à seca
O plano visa enfrentar a escassez de recursos em meio às duras condições climáticas
Zimbábue e Namíbia anunciaram, nesta terça-feira (17), a intenção de abater centenas de elefantes e outros animais selvagens para alimentar a população afetada pela seca. O plano visa enfrentar a escassez de recursos em meio às duras condições climáticas.
No Zimbábue, o governo autorizou a matança de 200 elefantes, cuja carne será distribuída para comunidades em situação de fome. Na Namíbia, a previsão é abater mais de 700 animais selvagens, incluindo 83 elefantes.
A decisão foi confirmada por autoridades locais e está alinhada com a necessidade de aliviar a pressão sobre as populações animais, que superam a capacidade dos parques nacionais de sustentar.
Tinashe Farawo, porta-voz da Autoridade de Gestão de Parques Nacionais e Vida Selvagem do Zimbábue, explicou que licenças serão emitidas para a caça de elefantes em áreas carentes, e parte da cota de 200 animais será abatida pela própria agência. "Começaremos o abate assim que terminarmos de emitir as licenças", declarou Farawo.
O abate será realizado em áreas onde a população de elefantes se tornou insustentável, como o Parque Nacional Hwange, localizado no árido oeste do Zimbábue. Nessa região, a competição entre humanos e animais por água e alimentos tem se intensificado, devido ao aumento das temperaturas e à escassez de recursos.
A situação foi agravada pelo fenômeno climático El Niño, que já resultou na morte de mais de 100 elefantes em dezembro do ano passado. Segundo Farawo, outros animais também podem sucumbir à sede e à fome nas próximas semanas, conforme o Zimbábue entra no período mais quente do ano.
O Parque Nacional Hwange abrigava mais de 45.000 elefantes, embora tenha capacidade para apenas 15.000. Em todo o país, estima-se que a população de elefantes seja de cerca de 100.000, o dobro do que os parques nacionais conseguem sustentar, segundo autoridades.
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A Ministra do Meio Ambiente do Zimbábue, Sithembiso Nyoni, confirmou o programa de abate durante um pronunciamento no Parlamento. "O Zimbábue tem mais elefantes do que precisamos, mais do que nossa floresta pode suportar", afirmou Nyoni. Ela destacou que o governo está se preparando para implementar um plano semelhante ao da Namíbia, envolvendo a mobilização de mulheres para secar e embalar a carne, garantindo sua distribuição às comunidades que necessitam de proteína.
Na Namíbia, o governo autorizou o abate de 723 animais no mês passado. Além de elefantes, serão caçados 30 hipopótamos, 60 búfalos, 50 impalas, 300 zebras e 100 elefantes, entre outras espécies.
Guyo Roba, especialista em segurança alimentar e agricultura do Jameel Observatory, no Quênia, afirmou que as medidas adotadas por Zimbábue e Namíbia são compreensíveis, considerando a gravidade da seca e o estado das populações de animais selvagens. "Pode parecer controverso à primeira vista, mas os governos estão tentando equilibrar suas obrigações de conservação com a necessidade de apoiar suas populações", disse Roba.
*Com informações da Associated Press