Zelensky altera posição sobre negociações de paz às vésperas de encontro com Trump
Presidente ucraniano admite que conversas de paz podem começar a partir da atual linha de frente; europeus se unem para buscar apoio dos EUA

SBT News
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (17) que eventuais negociações com a Rússia para encerrar a guerra podem ter como ponto de partida a atual situação do campo de batalha.
Até então, o presidente ucraniano insistia que qualquer negociação de paz só poderia ter início depois que a Rússia retirasse suas tropas de todas as áreas atualmente ocupadas, o que equivale a aproximadamente 20% do território da Ucrânia.
A declaração sugere que, pela primeira vez, Zelensky está disposto a negociar sem exigir previamente a restituição total do território ucraniano, usando a linha de frente atual como base para conversas.
"Precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar por onde está a linha de frente agora. A linha de contato é a melhor linha para conversar", declarou Zelenski a jornalistas, após reunião em Bruxelas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O encontro ocorreu em meio ao esforço do ucraniano para mobilizar apoio europeu, um movimento reforçado pela ausência da União Europeia na cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin, realizada na sexta-feira (15) no Alasca.
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A reunião entre Trump e Putin terminou sem a implementação de um cessar-fogo, mas o presidente americano defendeu um acordo de paz permanente, alinhando-se a termos favoráveis a Moscou. Entre as propostas em discussão está a troca de territórios, hipótese que pode envolver a entrega da totalidade de Donetsk à Rússia em troca da devolução de áreas menores em Sumi e Kharkiv.
Apesar do sinal de flexibilização, Zelensky ressaltou que busca inicialmente uma pausa no conflito antes de avançar para um pacto definitivo.
“A instituição da Ucrânia torna impossível a cessão de território ou a troca de terras. Como a questão territorial é tão importante, ela deve ser discutida apenas pelos líderes da Ucrânia e da Rússia no acordo trilateral Ucrânia-Estados Unidos-Rússia”, disse.
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Von der Leyen, por sua vez, afirmou que a Europa seguirá apoiando o caminho da Ucrânia rumo à adesão à União Europeia e defendeu "garantias de segurança sólidas" para Kiev.
O presidente ucraniano e líderes europeus, incluindo Emmanuel Macron, Friedrich Merz, Giorgia Meloni e Keir Starmer, viajarão a Washington nesta segunda-feira (18) para se reunir com Trump. A expectativa é de que os EUA e a Europa discutam um modelo de garantias de segurança para a Ucrânia.