Venezuela: oposição critica pedido de prisão contra González e volta a cobrar atas eleitorais
Plataforma Unitária Democrática afirmou que regime pretende continuar "violando o exercício da soberania popular"
Camila Stucaluc
A Plataforma Unitária Democrática, de oposição ao governo de Nicolás Maduro, emitiu um comunicado na terça-feira (3) criticando o mandato de prisão contra Edmundo González, que concorreu às eleições deste ano. No texto, a sigla afirma que a ordem não é apenas contra González, mas contra todos os venezuelanos que votaram nele.
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“Os venezuelanos e o mundo olham com indignação para um regime que não foi capaz de publicar no prazo legal as atas comprovando o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral, mas que é capaz de construir em minutos um mandado de prisão. O que o país precisa é ver as atas eleitorais, não de ordens de apreensão", diz o comunicado.
González entrou na mira de Maduro após a oposição alegar fraude na apuração do Conselho Eleitoral, que anunciou a reeleição do líder venezuelano por 52,21% dos votos. Pela internet, os opositores divulgaram um painel com as atas eleitorais que tiveram acesso, declarando a vitória de González por mais de 70% dos votos.
O caso foi levado à Justiça, onde González foi acusado de usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais e incitação de atividades ilegais. O mandado de prisão veio após o político ignorar três intimações para prestar depoimento. Ele também faltou à convocação do Tribunal Supremo, na qual deveria assinar um termo concordando com o resultado do pleito sem que houvesse a divulgação das atas.
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“Isto mostra que o regime pretende continuar a violar o exercício da soberania popular, manifestado no dia 28 de julho a favor da mudança política no país”, disse a Plataforma Unitária Democrática. “Este irritante mandado de prisão também é contra os mais de 8 milhões de venezuelanos que votaram nele [González]”, acrescentou.