Ucrânia convoca representante do Vaticano após papa pedir que Kiev apresente "bandeira branca"
Declaração de Francisco também foi criticada por aliados do governo ucraniano
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou, nessa segunda-feira (11), o representante do Vaticano. A ação ocorre em meio às críticas do governo sobre a fala do papa Francisco, que disse, no último fim de semana, que os ucranianos deveriam ter coragem para apresentar uma “bandeira branca” e negociar o fim da guerra.
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"Visvaldas Kulbokas foi informado de que a Ucrânia está desiludida com as palavras do Pontífice relativamente à 'bandeira branca'. O chefe da Santa Sé deveria ter enviado sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de unir forças imediatamente para garantir a vitória do bem sobre o mal, e apelar ao agressor, não à vítima", disse o ministério.
O líder da pasta, Dmytro Kuleba, já havia se pronunciado sobre o assunto. Pelas redes sociais, o ministro enfatizou que a bandeira pela qual os ucranianos lutam é "amarela e azul" – referindo-se às cores do país – e que nunca levantariam outra bandeira.
O Vaticano procurou corrigir a situação, indicando que a "bandeira branca" não seria uma forma de rendição, mas de uma cessação das hostilidades. A tentativa, no entanto, não obteve resultados positivos, com aliados da Ucrânia, como Estados Unidos, Polônia, Letônia e Alemanha criticando e questionando a declaração de Francisco.
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"Que tal, para equilibrar, encorajar [o presidente russo Vladimir] Putin a ter a coragem de retirar o seu exército da Ucrânia? A paz viria imediatamente, sem a necessidade de negociações", disse Radoslaw Sikorski, ministro das Relações Exteriores polaco.