Ucrânia chama exigências de Putin de "absurdas" e rejeita plano de cessar-fogo
Governo defendeu que presidente russo está tentando “enganar” as potências mundiais para minar os esforços diplomáticos de paz
A Ucrânia rejeitou as condições de cessar-fogo anunciadas pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, na sexta-feira (14). Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores classificou as exigências de “absurdas”, afirmando que o líder russo está tentando “enganar” as potências mundiais para minar os esforços diplomáticos de paz.
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“A tentativa de Putin, que planejou e executou juntamente com seus cúmplices a maior agressão armada na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de se apresentar como pacificador e apresentar opções para acabar com a guerra, que minam a ordem jurídica internacional e a Carta das Nações Unidas, é absurda”, disse a pasta.
O plano russo inédito de cessar-fogo foi anunciado por Putin durante reunião com funcionários do governo. Entre as condições, ele listou a retirada das forças ucranianas dos territórios de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia – anexados ilegalmente a Moscou em 2022 – e o reconhecimento da Crimeia pela Ucrânia como parte da Rússia.
Putin exigiu ainda que Kiev abandone os planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – um dos motivos que levou o líder russo à guerra.
Antes de embarcar para a Suíça, onde acontecerá a Cimeira Global da Paz, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que as exigências da Rússia “não eram novas” e que a proposta de Putin estava em uma forma de “ultimato”. Ele comparou o plano às ações de Adolf Hitler na tomada de território que levou à Segunda Guerra Mundial.
"O que Putin exige é que lhes dê uma parte dos nossos territórios, os ocupados e não ocupados, falando de várias regiões do nosso país", disse Zelensky.
Cúpula Global da Paz
A Cúpula Global da Paz foi organizada pelo governo da Suíça em abril. A expectativa é que o encontro, que contará com mais de 100 países e autoridades, ajude a traçar um caminho para a paz na Ucrânia, que enfrenta mais de dois anos de invasão russa.
A conferência acontece em meio ao impasse nas negociações de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia, que estão congeladas há mais de um ano. Diversos países, incluindo o Brasil, já enviaram propostas de paz para as nações, que rejeitaram os textos. Um dos principais embates dos países é a retirada das tropas russas da Ucrânia e a devolução de áreas ocupadas, incluindo a Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
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Apesar de afirmar que a Rússia está aberta a negociações, Putin defendeu que o país nunca aceitará "quaisquer acordos que não tenham a ver com a realidade". Ele reforçou que as forças russas conseguiram vantagem na guerra, dizendo que a Ucrânia e o Ocidente "mais cedo ou mais tarde" terão que aceitar um acordo nos termos de Moscou.