Trump pede a divulgação de documentos do grande júri no caso Epstein
Decisão ocorre após um primeiro recuo do presidente americano, que havia prometido, ainda durante a campanha à Casa Branca, tornar público o conteúdo do caso

SBT News
com informações da Reuters
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que irá pedir à Justiça norte-americana que permita a divulgação dos depoimentos do grande júri no caso do falecido Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais, depois que alguns de seus apoiadores reagiram com fúria à informação de que não haveria evidências para novas investigações sobre o caso.
Aliados do republicano pressionavam a Casa Branca a nomear um procurador especial para reabrir o caso, o que foi descartado pelo Departamento de Justiça dos EUA e pelo FBI, após a divulgação de um memorando que indicava a ausência de listas incriminatórias de clientes do bilionário.
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"Com base na quantidade absurda de publicidade dada a Jeffrey Epstein, solicitei à Procuradora-Geral Pam Bondi que produzisse todo e qualquer depoimento pertinente ao Grande Júri, sujeito à aprovação do Tribunal. Este GOLPE, perpetuado pelos democratas, deve acabar agora mesmo!", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.
Pouco depois da publicação de Trump, a procuradora-geral Pam Bondi declarou que o Departamento de Justiça norte-americano já estava preparado para submeter ao tribunal, ainda nesta sexta-feira (18), o pedido de divulgação dos documentos.
"Presidente Trump, nós estamos prontos para mover junto ao tribunal o pedido de divulgação das transcrições do juri popular", publicou Bondi em seu perfil no X (antigo Twitter).
A princípio, contrariando sua promessa de campanha, Trump havia desistido de tornar público o conteúdo do caso - que tem sido alvo de teorias da conspiração por parte de apoiadores do líder republicano.
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A decisão pela divulgação dos documentos acontece no mesmo dia em que o caso Epstein voltou a estampar as capas dos principais jornais norte-americanos após anúncio da demissão da procuradora-federal responsável pelo caso, nesta quinta-feira (17).
Maurene Comey foi a procuradora principal na investigação contra Epstein, acusado de construir uma rede de tráfico sexual de meninas no início dos anos 2000. O Departamento de Justiça dos EUA não informou o motivo da demissão da procuradora.
Uma pesquisa realizada pela agência Reuters aponta que sete em cada dez norte-americanos acreditam que o governo está escondendo detalhes sobre os clientes de Epstein.
Suposta relação de Trump com Epstein
Em meio à crise que culminou em sua saída do governo Donald Trump, o bilionário Elon Musk chegou a acusar o presidente norte-americano de envolvimento direto no caso Epstein.
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Em uma publicação, em junho deste ano, Musk afirmou que Trump era presença constante nas festas promovidas por Epstein, onde aconteceram os crimes investigados pelas autoridades norte-americanas. A publicação foi excluída no dia seguinte.
Ainda segundo Elon Musk, Trump não teria cumprido a promessa de tornar públicos todos os documentos federais relacionados ao caso Epstein, os chamados "Epstein Files" ("Arquivos de Epstein"). Em fevereiro deste ano, a Casa Branca liberou apenas parte dos arquivos, mantendo sob sigilo centenas de páginas.
Para Musk, o motivo da omissão seria claro: Trump estaria citado nos documentos como um dos frequentadores das festas de Epstein.
"Se não tem nada a esconder, por que esconder?", questionou o bilionário nas redes sociais.
Quem foi Jeffrey Epstein?
Jeffrey Epstein foi um financista que construiu uma rede bilionária enquanto mantinha ligações com figuras poderosas dos Estados Unidos e da Europa. Em 2008, foi condenado a 13 meses de prisão após denúncias de abuso sexual contra uma menor de idade. Mesmo condenado, firmou um acordo judicial controverso que lhe permitia sair da prisão para trabalhar quase todos os dias.
Em 2019, foi preso novamente, dessa vez acusado de tráfico sexual de dezenas de meninas. Menos de um mês após a nova detenção, foi encontrado morto em sua cela. A versão oficial aponta suicídio, mas o episódio gerou desconfiança e diversas teorias de conspiração, dadas as conexões que mantinha com elites políticas e empresariais.
Famosos e políticos citados nos arquivos
O caso ganhou ainda mais repercussão após a divulgação de trechos dos documentos da investigação, nos quais são citados nomes de celebridades e figuras públicas. Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Cate Blanchett, Bruce Willis, Kevin Spacey, George Lucas e Naomi Campbell aparecem nos registros, mas até o momento não enfrentam acusações criminais.
Ex-presidentes Bill Clinton e Donald Trump também são mencionados, embora nenhum dos dois tenha sido formalmente acusado. Já o príncipe Andrew, do Reino Unido, respondeu na Justiça por abuso sexual relacionado ao esquema e perdeu seus títulos e funções oficiais dentro da Família Real britânica.