"Arquivos de Epstein": entenda acusação de Musk contra Trump
Tensão veio à tona após presidente dos EUA ironizar a saída de empresário de um cargo do governo e ameaçar cortar contratos com a SpaceX
Wagner Lauria Jr.
A relação entre Elon Musk e Donald Trump chegou ao fim com um rompimento público e com acusações. Nessa quinta-feira (5), o empresário acusou Trump de ter ligação direta com o caso Jeffrey Epstein – um dos maiores escândalos de exploração sexual de menores do século.
O empresário, que morreu em 2019, era acusado de comandar uma rede internacional de tráfico sexual.
A tensão entre os dois já se arrastava há semanas nos bastidores, mas veio à tona após Trump ironizar a saída de Musk de um cargo consultivo no governo, dizendo que o bilionário havia "ficado louco". O presidente ainda alegou que o bilionário sul-africano estava "se esgotando" e que ele mesmo havia solicitado a saída de Musk do governo, chamando o bilionário de "louco".
Além disso, Trump disse que encerraria contratos e subsídios governamentais com empresas do bilionário como a SpaceX.
Em resposta, Musk afirmou que o presidente teria sido presença constante nas festas promovidas por Epstein, onde aconteceram os crimes investigados pelas autoridades norte-americanas.
O que são os “Arquivos de Epstein”?
Segundo Elon Musk, Donald Trump não teria cumprido a promessa de tornar públicos todos os documentos federais relacionados ao caso Epstein, os chamados "Epstein Files" ("Arquivos de Epstein"). Em fevereiro deste ano, a Casa Branca liberou apenas parte dos arquivos, mantendo sob sigilo centenas de páginas.
Para Musk, o motivo da omissão seria claro: Trump estaria citado nos documentos como um dos frequentadores das festas de Epstein.
"Se não tem nada a esconder, por que esconder?", escreveu o bilionário nas redes sociais.
Quem foi Jeffrey Epstein?
Jeffrey Epstein foi um financista que construiu uma rede bilionária enquanto mantinha ligações com figuras poderosas dos Estados Unidos e da Europa. Em 2008, foi condenado a 13 meses de prisão após denúncias de abuso sexual contra uma menor de idade. Mesmo condenado, firmou um acordo judicial controverso que lhe permitia sair da prisão para trabalhar quase todos os dias.
Em 2019, foi preso novamente, dessa vez acusado de tráfico sexual de dezenas de meninas. Menos de um mês após a nova detenção, foi encontrado morto em sua cela. A versão oficial aponta suicídio, mas o episódio gerou desconfiança e diversas teorias de conspiração, dadas as conexões que mantinha com elites políticas e empresariais.
Famosos e políticos sob suspeita
O caso ganhou ainda mais repercussão após a divulgação de trechos dos documentos da investigação, nos quais são citados nomes de celebridades e figuras públicas. Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Cate Blanchett, Bruce Willis, Kevin Spacey, George Lucas e Naomi Campbell aparecem nos registros, mas até o momento não enfrentam acusações criminais.
Na política, os ex-presidentes Bill Clinton e Donald Trump também são mencionados, embora nenhum dos dois tenha sido formalmente acusado. Já o príncipe Andrew, do Reino Unido, respondeu na Justiça por abuso sexual relacionado ao esquema e perdeu seus títulos e funções oficiais dentro da família real.
"Epstein" em alta no Google Brasil
O termo de pesquisa "Epstein", com referência ao sobrenome do financista morto em 2019, está em alta no Google Brasil. Os dados são do Google Trends.
