Tragédia do submarino Titan poderia ter sido evitada, diz ex-funcionário da OceanGate
Em depoimento, ex-diretor de operações da empresa afirmou que fez denúncia sobre falhas de segurança na embarcação
SBT News
David Lochridge, ex-diretor de operações da OceanGate, afirmou que a tragédia envolvendo o submarino Titan, que resultou na morte de cinco pessoas, poderia ter sido evitada caso a Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) tivesse investigado as denúncias feitas por ele sobre falhas de segurança na embarcação.
Lochridge prestou depoimento na terça-feira a uma comissão que investiga a causa da implosão do submarino, que aconteceu enquanto a tripulação seguia para explorar os destroços do Titanic.
"Acredito que, se a OSHA tivesse investigado as preocupações que levantei, essa tragédia poderia ter sido evitada", declarou. O ex-funcionário da OceanGate disse ainda que a agência demorou para agir e, quando fez sua reclamação, foi informado que outros 11 casos estavam na fila antes do dele.
Meses após o ocorrido, Lochridge se afastou da empresa e as ações judiciais entre ele e a OceanGate foram encerradas. "Eu não dei nada a eles, eles não me deram nada", comentou sobre o desfecho das disputas legais.
Conflito com a liderança e preocupações ignoradas
Durante o depoimento, Lochridge relembrou conflitos frequentes com o cofundador da OceanGate, Stockton Rush, e criticou a postura da empresa, que, segundo ele, priorizava o lucro em detrimento da segurança. "A ideia por trás da empresa era ganhar dinheiro. Havia muito pouco no sentido de ciência", afirmou.
Lochridge entrou para a equipe da OceanGate em meados de 2010 como engenheiro veterano e piloto de submersíveis, mas logo percebeu que suas preocupações de segurança não estavam sendo levadas a sério. Em um relatório de 2018, ele destacou falhas críticas no projeto do Titan e afirmou que "não havia chance de aprovar" a embarcação para uso.
A liderança da empresa, segundo Lochridge, ignorou suas advertências, focada em decisões de engenharia arriscadas e na pressa para iniciar as expedições ao Titanic. Ele foi demitido após insistir nas suas preocupações sobre a segurança da operação.
Outras testemunhas reforçam o clima de insegurança
Outros ex-funcionários também prestaram depoimento e corroboraram as declarações de Lochridge. Tony Nissen, ex-diretor de engenharia da OceanGate, afirmou que se recusou a pilotar o Titan em uma das viagens, alegando preocupações com a segurança da embarcação. "Eu não vou entrar nisso", disse ele, referindo-se ao submarino.
Bonnie Carl, ex-diretora de finanças e recursos humanos da OceanGate, relatou que Lochridge já havia classificado o Titan como "inseguro" antes da tragédia. A empresa, que possuía sede no estado de Washington, suspendeu suas operações após o acidente.
A investigação continua com o depoimento de outros membros da OceanGate e autoridades. Guillermo Sohnlein, cofundador da empresa, e Steven Ross, ex-diretor científico, estão entre os próximos a prestar esclarecimentos.
*com informações da Associated Press