O que são pagers? Entenda como funcionam os dispositivos que explodiram no Líbano
Segundo autoridades de segurança libanesas, esses dispositivos primeiro esquentaram e depois explodiram nos bolsos ou nas mãos de quem os carregava
Dezenas de pagers do grupo Hezbollah explodiram nesta terça-feira (17), matando nove pessoas e deixando mais de 2700 feridas. Segundo autoridades de segurança libanesas, esses dispositivos primeiro esquentaram e depois explodiram nos bolsos ou nas mãos de quem os carregava.
Pagers são dispositivos eletrônicos de comunicação utilizados principalmente para receber mensagens curtas. Eram amplamente usados nas décadas de 1980 e 1990, especialmente em ambientes de trabalho como hospitais e empresas de emergência, antes da popularização dos celulares.
O funcionamento básico de um pager é receber sinais de rádio enviados por uma torre de transmissão, e as mensagens geralmente apareciam na forma de texto na tela do dispositivo.
De acordo com a Associated Press, esses pagers funcionam com baterias de íons de lítio e explodiram como resultado de uma “operação de segurança” israelense. Especialistas disseram que as explosões dos pagers apontam para uma operação sofisticada e planejada há muito tempo, possivelmente realizada por meio da infiltração na cadeia de suprimentos e do equipamento dos pagers com explosivos antes de serem importados para o Líbano.
Por que pagers foram usados no ataque?
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, alertou anteriormente os membros do grupo para não carregarem celulares, dizendo que eles poderiam ser usados por Israel para rastrear os movimentos do grupo para ataques direcionados. Como resultado, a organização usa pagers para se comunicar.
Um oficial do Hezbollah disse à Associated Press que os dispositivos explodidos eram de uma nova marca que o grupo não tinha usado antes. O oficial, que falou sob condição de anonimato porque não estava autorizado a falar com a imprensa, não identificou o nome da marca ou o fornecedor.
Ataque deixa 9 mortes e mais de 2.700 feridos
Nove pessoas morreram e mais de 2.700 ficaram feridas, nesta terça-feira (17), após pagers de membros do Hezbollah explodirem em diversas partes do Líbano. Um oficial do grupo disse que o ataque teria partido de Israel.
A Associated Press entrou em contato com o exército israelense, mas não obtiveram resposta.
A Agência de Notícias Fars, do Irã, afirmou que o embaixador do país no Líbano, Mojtaba Amani, também ficou ferido durante o ataque e está sob observação no hospital.
O Ministério da Saúde do Líbano emitiu um alerta aos hospitais para admitir pacientes em emergência e para que as pessoas que possuem pagers se livrem dos eletrônicos. Profissionais da saúde também foram orientados a evitarem o uso de aparelhos com conexão sem fio.
*Com informações da Associated Press
Não há registro de brasileiros entre as vítimas
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que a embaixada do Brasil em Beirute não tem registro de brasileiros entre as vítimas das explosões.
O governo brasileiro condenou a série de explosões coordenadas. "Tais atos conduzem a escalada significativa de tensões na região e exacerbam o risco de alastramento do conflito", diz a nota. "Lamentavelmente, têm sido inócuos os múltiplos apelos da comunidade internacional para que atores no Oriente Médio exerçam máxima contenção."