Principais jornais dos EUA pedem que Biden desista da candidatura
The New York Times, The Economist e The Wall Street Journal publicaram editorais questionando a capacidade do presidente de 81 anos de vencer Donald Trump
Alguns dos principais jornais e revistas dos Estados Unidos publicaram editoriais pedindo que o presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, Joe Biden, desista da candidatura, depois do desempenho ruim no primeiro debate eleitoral para as eleições de 2024.
Citando o risco à democracia que representa da vitória de Donald Trump, o jornal The New York Times, o The Wall Street Journal e Financial Times e a revista The Economist questionaram se o democrata de 81 anos realmente pode repetir o feito de 2020, quando derrotou o então presidente republicano nas urnas.
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"O Sr. Biden foi um presidente admirável. Sob sua liderança, a nação prosperou e começou a enfrentar uma série de desafios de longo prazo, e as feridas abertas pelo Sr. Trump começaram a cicatrizar. Mas o maior serviço público que o Sr. Biden pode agora prestar é anunciar que não continuará a concorrer à reeleição.”, afirmou o Conselho editorial do The New York Times.
O jornal também argumentou ser preciso encontrar outro candidato democrata que possa vencer Trump.
"O caminho mais claro para os democratas derrotarem um candidato definido por suas mentiras é lidar com a verdade com o público americano: reconhecer que o Sr. Biden não pode continuar sua corrida, e criar um processo para selecionar alguém mais capaz de enfrentá-lo em novembro", continuou.
A revista The Economist seguiu pelo mesmo caminho e afirmou que "depois de uma vida inteira no serviço público, Joe Biden não deveria buscar a reeleição como presidente".
"O Sr. Biden diz que está se candidatando novamente para ajudar os americanos comuns e salvar a democracia da demagogia vingativa do Sr. Trump. E a aparição carrancuda, evasiva e desafiadora da verdade do ex-presidente no palco do debate não fez nada para diminuir a urgência desses dois objetivos. No entanto, se o Sr. Biden realmente se importa com sua missão, então seu último e maior serviço público deve ser abrir caminho para outro candidato democrata", afirmou a revista.
Em um artigo de opinião entitulado "Os democratas não podem evitar o problema Biden", o Conselho editorial do The Wall Street Journal afirmou que o desempenho "hesitante" e "cambaleante" de Biden, "mostrou claramente que ele não está preparado para cumprir mais quatro anos no cargo"
"Os esforços vacilantes do Presidente permitiram que Trump vencesse o debate, apesar de um desempenho medíocre por mérito próprio", continuou.
"Uma retirada do Sr. Biden criaria algum pânico temporário enquanto os democratas procuram um novo candidato. A Vice-Presidente Kamala Harris não é a resposta. Mas outros surgiriam como candidatos, e a convenção democrata atrairia a atenção do mundo. Você sabe que o Sr. Trump está contando com os democratas para continuarem com o Sr. Biden, mas o país merece uma escolha melhor", concluiu.
Já o The Financial Times resumiu o debate de quinta-feira como um "espetáculo triste para a América e para o mundo" e que o desempenho hesitante de Biden é motivo de desespero para aqueles que temem que Trump represente uma "ameaça existencial para a república americana".
O jornal defendeu que existem outros candidatos democratas capazes de formar uma chapa que poderia "ter uma chance maior de derrotar Trump" e pediu que o presidente Biden pondere sobre sua escolha de concorrer novamente ao cargo.
"As pesquisas sugerem que um oponente genérico do Partido Democrata estaria melhor posicionado para prevalecer do que Biden. O presidente enfrenta uma escolha agonizante. Mas, abrir mão agora seria um movimento digno e estadista — e ainda pode se revelar a melhor maneira de alcançar seu amplo objetivo político de preservar a democracia dos EUA", afirmou.
A capa da revista Time também chamou a atenção, com uma foto de Biden e a palavra "pânico" destacada em um fundo vermelho, aludindo à performance de Trump no debate — nos EUA, a cor é associada aos republicanos, enquanto o azul costuma ser ligado aos democratas.