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Taxação de visto para trabalhador estrangeiro gera críticas de empresários americanos a Trump

Parte das big techs aliadas ao republicano se revoltaram contra a medida, que pode encarecer processos de recrutamento dentro das empresas

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Gold Card lançado por Trump gera repercussão das big techs | REUTERS/Ken Cedeno
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A nova taxação de visto para trabalhadores estrangeiros, impostas por Donald Trump, tem atraído uma certa fúria por parte de alguns dos executivos das big techs, que consideram a medida um golpe para o setor - que contribuiu em grande escala para a reeleição do republicano.

Executivos de tecnologia e investidores disseram que as novas taxas poderiam encarecer em milhões de dólares as empresas e prejudicar as startups, que não teriam como arcar com o valor estabelecido.

Em uma série de anúncios que começou na sexta-feira (19), Trump e outras autoridades da Casa Branca disseram que cobrariam US$ 100 mil das empresas para os vistos de emprego temporário de trabalhadores H-1B — ou seja, imigrantes —, usados por muitas grandes companhias de tecnologia, como a Amazon, a Microsoft e a Meta.

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Diante de um enxurrada de críticas, a Casa Branca teve de esclarecer que as taxas seriam cobradas apenas uma vez, não anualmente, como havia sido informado anteriormente, e não se aplicariam aos que já possuem o visto — incluindo aqueles que estivessem no exterior no momento do anúncio.

A maioria dos executivos dos gigantes da tecnologia - incluindo Meta, Microsoft e Amazon -, muitos dos quais estabeleceram relações estreitas com Donald Trump desde seu retorno à Casa Branca, não comentou publicamente a proposta.

A taxação criada por Trump impactaria diretamente essas empresas, o que poderia mudar drasticamente o sistema de atração de talentos de países como Índia e China.

"A vantagem dos Estados Unidos sempre foi o fato de atrairmos pessoas inteligentes e ambiciosas de todos os lugares", disse Esther Crawford, ex-executiva e investidora do Twitter que agora trabalha como diretora de gerenciamento de produtos na Meta, de acordo com seu perfil no LinkedIn. "Imigrantes altamente qualificados não tiram de nós, eles constroem conosco. Alguns dos melhores pares da minha carreira eram portadores da H-1B que buscavam seu próprio sonho americano."

O governo Trump tem reforçado veementemente as políticas anti-imigração, com o aumento da segurança nas fronteiras e medidas que expulsam estrangeiros dos Estados Unidos, principalmente aqueles sem documentação devida.

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Mais recentemente, o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) invadiu uma fábrica de baterias na Geórgia, de propriedade da Hyundai Motor, da Coreia do Sul, o que irritou as autoridades de Seul, que levantaram questões sobre o relacionamento com os Estados Unidos.

Economistas ouvidos pela Reuters alertaram que o aumento proposto da taxa de visto poderia sobrecarregar ainda mais o mercado de trabalho dos EUA, já enfraquecido pelos efeitos persistentes das políticas comerciais da era Trump. Embora a inteligência artificial possa ajudar a aliviar a escassez de pessoal, os analistas chamaram a atenção para o aumento dos custos e como ele pode pressionar as empresas e, eventualmente, afetar seus clientes.

"Ao tornar muito caro para as empresas atrair talentos estrangeiros e ao forçar alguns estudantes internacionais a deixar o país após a graduação, a fuga de cérebros pesará muito sobre a produtividade", escreveram eles.

Caos nos aeroportos

O anúncio feito na sexta-feira (19) causou um caos nos aeroportos, pois alguns viajantes desistiram de embarcar nos aviões, enquanto outros voltaram ao país, seguindo o conselho de suas empresas, antes que a Casa Branca estabelecesse a medida.

"Meu coração está com todas as famílias e indivíduos ansiosos por seus futuros após o anúncio abrupto e caótico das mudanças no visto H-1B", disse Andrew Ng, fundador da DeepLearningAI, em um post no LinkedIn. "Os Estados Unidos deveriam trabalhar para atrair talentos mais qualificados, e não criar incertezas que os afastem."

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A taxação recebeu apoio declarado de alguns altos executivos, incluindo o vice-presidente da IBM, Gary Cohn, que atuou como chefe do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca no primeiro governo Trump. Ele disse à CBS News que as novas taxas são uma "boa ideia" que ajudaria a trazer funcionários com conjuntos de habilidades de alto valor.

O presidente da Netflix, Reed Hastings, compartilhou uma opinião semelhante em um post no X, dizendo que o custo mais alto significaria que os vistos seriam usados apenas para "empregos de valor muito alto" e proporcionaria mais segurança para aqueles que os possuem.

Mas David Seidman, chefe de segurança de plataforma da fintech Plaid, previu no LinkedIn que "pelo menos uma" das Big Tech deixaria de contratar para esses empregos nos Estados Unidos e aumentaria sua presença na Índia ou no Canadá.

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