Senador democrata pede investigação sobre cortes em serviço de meteorologia após inundações no Texas
Chuck Schumer quer saber se cortes promovidos por Trump afetaram sistema de alerta; quase 80 pessoas morreram nas inundações

Reuters
O principal senador democrata norte-americano, Chuck Schumer, pediu nesta segunda-feira (7) a um órgão de fiscalização do governo que investigue se os cortes no Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, na sigla em inglês) afetaram as previsões da agência sobre inundações que atingiram o centro do Texas.
Líder democrata do Senado, Schumer solicitou ao inspetor-geral interino do Departamento de Comércio que investigue se as vagas no escritório do NWS em San Antonio contribuíram para "atrasos, lacunas ou menor precisão" na previsão das enchentes. Ele solicitou ainda ao órgão de fiscalização que analise as comunicações do escritório com as autoridades do condado de Kerr.
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O NWS não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta de Schumer. Em um comunicado divulgado no domingo, o órgão defendeu sua previsão e gestão de emergência antes, durante e depois da enchente.
Uma das três principais funções de liderança no escritório do NWS em San Antonio está vaga desde o início deste ano, depois que Paul Yura, meteorologista de coordenação de alertas da agência de previsão dos EUA para San Antonio, aceitou uma oferta do governo Trump para se aposentar.
O papel de Yura era estabelecer relações com gestores e autoridades locais de emergência, com o objetivo de construir confiança na comunidade antes que o desastre aconteça.
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O DOGE, departamento de cortes de custos do governo Trump, vem pressionando o NWS a reduzir vagas. A medida deu a centenas de funcionários a opção de se aposentarem mais cedo, em vez de enfrentarem uma possível demissão.
O escritório do NWS em San Antonio é responsável por prever o clima da região, coletar dados e alertar o público sobre condições perigosas. Autoridades do Texas criticaram o NWS no fim de semana, alegando que ele não alertou o público sobre o perigo iminente.
O departamento enviou uma série de alertas de enchentes repentinas na quinta e na sexta-feira pelos serviços digitais e de rádio que utiliza para se comunicar com profissionais de segurança pública, de acordo com registros de alertas.
As mensagens tornaram-se cada vez mais urgentes nas primeiras horas da manhã de sexta-feira. O departamento enviou uma mensagem de texto de emergência para celulares da região por volta da 1h14, classificando-a como uma "situação perigosa e com risco de vida".
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Os telefones precisam ter sinal ou estar perto de uma torre de celular para receber a mensagem, disse Antwane Johnson, ex-diretor da equipe de alerta público da Agência Federal de Gestão de Emergências. A cobertura de telefonia móvel é irregular em áreas ao redor do Rio Guadalupe, de acordo com registros da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) atualizados pela última vez em dezembro.
"Mesmo que essas mensagens tenham sido emitidas, isso não significa que elas chegaram às pessoas que precisavam delas", disse Erik Nielsen, que estuda chuvas extremas na Universidade Texas A&M.
O número de mortos nas enchentes catastróficas chegou a pelo menos 78 no domingo, incluindo pelo menos 27 crianças que estavam num acampamento.
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Jon Zeitler, diretor de ciências e operações do departamento, também deixou o escritório do NWS em San Antonio na mesma época, em abril, de acordo com seu perfil no LinkedIn. Zeitler era responsável pelo treinamento de novos contratados. A Reuters não conseguiu confirmar o motivo de sua saída. Os outros cargos de gestão já estão preenchidos, de acordo com o site do escritório.
O presidente dos EUA, Donald Trump, foi questionado no domingo por repórteres se os cortes do governo federal prejudicaram a resposta ao desastre.
"Eles não fizeram isso", disse Trump aos repórteres antes de embarcar no Air Force One em Morristown, Nova Jersey.