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"Safári humano": italianos teriam pago para atirar em civis durante a Guerra da Bósnia

Ministério Público de Milão investiga turismo de guerra durante o cerco de Sarajevo

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O Ministério Público de Milão, na Itália, está investigando uma denúncia de extrema gravidade envolvendo cidadãos italianos e estrangeiros durante a Guerra da Bósnia, há cerca de 30 anos. Segundo a acusação, homens ricos teriam pago o equivalente a mais de R$ 600 mil, em valores atuais, para participar de um esquema que ficou conhecido como "safári humano": viagens organizadas para atirar em civis desarmados por puro entretenimento.

O conflito, considerado um dos mais violentos desde a Segunda Guerra Mundial, ainda deixa feridas profundas nos Bálcãs. De acordo com um dossiê reunido por um jornalista italiano, esses "turistas da guerra", sem qualquer envolvimento político, eram motivados apenas pelo interesse em armas e caça. Eles ocupavam posições estratégicas em colinas ao redor da capital da Bósnia, Sarajevo, e atuavam como atiradores de elite contra a população civil.

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Milícias sérvias, que por anos cercaram Sarajevo, teriam intermediado esse suposto "turismo de guerra". O cerco da cidade durou quase quatro anos e matou mais de 10 mil pessoas, entre elas muitas crianças, vítimas de disparos enquanto tentavam sair de casa em busca de alimentos ou remédios.

A Guerra da Bósnia começou em 1992, após o colapso da Iugoslávia e a declaração de independência da Bósnia e Herzegovina. Foi uma disputa territorial e política entre bósnios, sérvios e croatas, marcada por inúmeros crimes contra civis.

O Ministério Público de Milão pretende identificar os envolvidos e poderá indiciá-los por homicídio doloso, agravado por crueldade e motivo torpe. A promotoria já tem uma lista de suspeitos, e nas próximas semanas, testemunhas devem prestar depoimento. Estão entre elas parentes de vítimas, sobreviventes, ex-militares e ex-agentes de inteligência europeus.

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De acordo com as investigações, os participantes das ações criminosas partiam de voos fretados da cidade italiana de Trieste com destino a Belgrado, capital da Sérvia. De lá, seguiam até Sarajevo. As viagens aconteciam entre sextas e domingos. Há também relatos de atiradores vindos de países como Estados Unidos, Canadá e França.

Em 2022, a então prefeita de Sarajevo apresentou uma queixa-crime na Bósnia, formalizando as denúncias relacionadas ao caso que agora está sob apuração da justiça italiana.

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