Reitor de universidade do Texas é demitido por tolerar 'doutrinação transgênero'
Polêmica girou em torno de um vídeo publicado por um deputado estadual republicano que mostrava o diálogo entre uma aluna e uma professora

Sofia Pilagallo
O reitor da Universidade Texas A&M, Mark Welsh, foi demitido nesta sexta-feira (19), acusado de tolerar uma "doutrinação transgênero". A polêmica girou em torno de um vídeo publicado no início deste mês, no X (antigo Twitter), pelo deputado estadual republicano Brian Harrison. As informações são da rede de notícias CBS News.
No vídeo, que Harrison afirma ter recebido de um denunciante, uma aluna da universidade e uma professora discutem durante uma aula que supostamente tratava de literatura transgênera. A estudante diz que, segundo o presidente Donald Trump, "existem apenas dois gêneros", aludindo ao decreto assinado em seu primeiro dia de mandato, e que o conteúdo apresentado ia contra suas "crenças religiosas".
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A professora então responde, afirmando que respeitava o direito da aluna de permanecer fiel à sua religião, mas que ela estava "equivocada" ao pensar que o conteúdo apresentado era ilegal. Então, convidou a estudante a se retirar caso estivesse desconfortável, o que ela fez. No post de Harrison, ele ressalta que a aluna foi "excluída da aula após se opor à doutrinação transgênero".
Após o episódio, a aluna procurou Walsh e pediu a demissão da professora, mas o reitor se opôs à medida. "Isso não vai acontecer", respondeu. A estudante gravou a conversa e o material chegou nas mãos de Harrison, que foi ao X pedir a demissão do presidente. Ele chegou a escrever uma carta ao governador do Texas, Greg Abott, que defendeu a demissão.
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Em meio à crescente pressão política, Welsh anunciou, em 9 de setembro, a decisão de demitir a professora, mas a crise já havia sido instalada a essa altura. Em comunicado, a universidade agradeceu as contribuições de Walsh, que ficou por dois anos no cargo, e afirmou que agora era o momento de "promover uma mudança e posicionar a Texas A&M para uma excelência contínua nos próximos anos."
A demissão da professora gerou críticas de defensores da educação. Em comunicado, Jonathan Friedman, da PEN America, um grupo de defesa da alfabetização, disse que o país estava "testemunhando a morte da liberdade acadêmica no Texas". Para ele, "demitir líderes acadêmicos para apaziguar políticos é excessivo e sufoca a liberdade de expressão e a abertura à investigação nos campi."