Pepe Mujica: corpo de ex-presidente do Uruguai será velado nesta quarta-feira (14)
Político morreu na tarde de terça-feira (13), cerca de um ano após descobrir um câncer no esôfago

Camila Stucaluc
O corpo do ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica será velado nesta quarta-feira (14), no Palácio Legislativo, em Montevidéu. A cerimônia será aberta ao público e terá duração de 24 horas.
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Segundo o Movimento de Participação Popular (MPP), fundado por Mujica no final dos anos 1980, a cerimônia de despedida começará às 10h, com um cortejo que sairá do edifício da Presidência do Uruguai. A procissão passará pela sede do MPP e seguirá até o Palácio Legislativo.
A expectativa é que o velório seja aberto ao público a partir das 15h. Além dos moradores, são esperadas autoridades internacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, afirmou que comparecerá à cerimônia. Ele deve retornar ao Brasil ainda hoje, após três dias na China.
Mujica morreu na terça-feira (13), aos 89 anos. O ex-presidente enfrentava um câncer de esôfago desde 2024. Neste ano, ele revelou que a doença havia se espalhado pelo corpo, afetando também o fígado, e que, por sua idade avançada e doenças crônicas, havia optado por parar o tratamento.
Militante, guerrilheiro e preso político
Figura emblemática da esquerda latino-americana, José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu em 20 de maio de 1935. Filho de pequenos agricultores, começou a militar cedo. Na década de 60 ingressou na guerrilha urbana Movimento de Libertação Nacional, mais conhecida como Tupamaros.
Mujica foi preso político quatro vezes durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Ele passou 14 anos detido até ser beneficiado pela anistia decretada em 1985, com a posse de Julio María Sanguinetti, primeiro presidente do Uruguai pós-redemocratização.
Em 1994, Mujica foi eleito deputado e em 1999, senador. Em 2005, foi nomeado ministro da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez. Quatro anos depois, em outubro de 2009, foi eleito presidente do Uruguai, cargo no qual promoveu mudanças sociais significativas, como a diminuição da pobreza, a descriminalização da maconha e a legalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
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Mujica acabou tornando-se uma das lideranças da esquerda mais admiradas da América Latina pelo estilo de vida sóbrio. Ganhou o apelido de “presidente mais pobre do mundo” ao se recusar a morar no palácio da presidência e dispensar os carros oficiais por um fusca azul. Além disso, durante seu mandato, doou 90% do seu salário para a construção de casas populares.