Pelo menos 51 palestinos são mortos na espera por caminhões de ajuda humanitária
Autoridades de saúde relatam mais de 200 feridos; Exército de Israel realizou ataque aéreo em casa próxima antes de abrir fogo contra a multidão

Emanuelle Menezes
Pelo menos 51 palestinos morreram e outros 200 ficaram feridos enquanto esperavam a entrada de caminhões da ONU (Organização das Nações Unidas) com ajuda humanitária, nesta terça-feira (17), segundo informações divulgadas pelas autoridades de saúde do enclave.
À Associated Press, testemunhas afirmaram que o Exército de Israel realizou um ataque aéreo em uma casa próxima antes de abrir fogo contra a multidão, na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.
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O tiroteio, segundo a agência internacional de notícias, aparentemente não está relacionado aos centros geridos pela empresa Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada por Israel e Estados Unidos. As operações de distribuição tiveram início no fim de maio, após pressão de aliados internacionais para que os israelenses aliviassem o bloqueio total à região, mas já causaram a morte de mais de uma centena de pessoas.
O exército israelense informou que os soldados avistaram uma reunião perto de um caminhão de ajuda que estava preso em Khan Yunis, perto de onde as forças israelenses estavam operando. "Há relatos de várias baixas causadas por tiros das Forças de Defesa de Israel (IDF) enquanto a multidão se aproximava. Os detalhes estão sendo investigados", disse em comunicado.
Os mortos e feridos foram levados ao Hospital Nasser, que confirmou o número de óbitos.
De acordo com a ONU, a população da Faixa de Gaza enfrenta níveis catastróficos de desnutrição, com bebês correndo risco de morrer por falta de fórmulas infantis. Apesar disso, as Nações Unidas criticam o modelo de entrega adotado por Israel e acusa a Gaza Humanitarian Foundation de não ser imparcial e neutra.
Em publicação na rede social X, Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, criticou duramente a forma como a ajuda humanitária tem sido distribuída.
"Dezenas de pessoas foram mortas e feridas nos últimos dias, incluindo pessoas famintas tentando obter comida de um sistema de distribuição letal", escreveu.
*com informações da Associated Press