ONU pede investigação sobre valas comuns descobertas em hospitais de Gaza
Quase 300 corpos foram encontrados por autoridades palestinas; vítimas estavam despidas e com mãos amarradas
O Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu, na terça-feira (23), a instauração de uma investigação sobre as valas comuns descobertas em dois grandes hospitais da Faixa de Gaza. Pelo menos 283 corpos foram recuperados nas unidades, que foram invadidas por tropas israelenses no início do ano.
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Em comunicado, o chefe da pasta, Volker Türk, disse estar "horrorizado" com a destruição dos hospitais Shifa, na Cidade de Gaza, e Nasser, na cidade de Khan Younis, bem como com a descoberta de valas comuns. Segundo ele, muitas das vítimas foram encontradas despidas e com as mãos amarradas, o que levanta a suspeita de crime de guerra.
“Os hospitais têm direito a uma proteção muito especial ao abrigo do Direito Internacional Humanitário. E o assassinato intencional de civis, detidos e outros que são 'hors de combat' [incapazes de se envolver em combate] é um crime de guerra. Dado o clima predominante de impunidade, isso deve incluir investigadores internacionais”, disse Türk.
Essa não é a primeira vez que a ONU acusa Israel de crimes de guerra. Em março, a organização afirmou que a contínua restrição das forças israelenses à entrada de ajuda humanitária em Gaza poderia ser considerada crime de guerra, já que as tropas estavam usando a fome como método de guerra – o que também viola o Direito Internacional.
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A guerra de Israel contra o Hamas, que já beira os oito meses, já deixou mais de 35 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, além de 79 mil feridos. A situação humanitária também é crítica, com quase todos os moradores fazendo uma refeição por dia, aumentando os índices de insegurança alimentar aguda grave.