Novo ataque a posto de ajuda em Gaza deixa palestinos feridos; número de mortos chega a 61 mil
Testemunhas relatam nova investida israelense contra pessoas que aguardavam ajuda; ONU alerta que assistência no território segue insuficiente
SBT News
com informações da Reuters
Diversos palestinos ficaram feridos em um ataque israelense enquanto esperavam por ajuda em Gaza nesta terça-feira (5). Segundo testemunhas, o ataque ocorreu enquanto moradores tentavam conseguir comida de caminhões de ajuda humanitária.
Os feridos foram levados ao hospital Nasser, em Khan Yunis, cidade Palestina situada no sul da Faixa de Gaza. Vídeos mostram pessoas sangrando e deitadas no chão do hospital superlotado.
"As pessoas que estavam esperando a ajuda foram instruídas a irem para lá. Atacaram jovens, homens e mulheres. Jogaram bombas neles, balas de verdade, e a maioria dos ferimentos aqui são causados por bombas. Vim com meu amigo que está ferido, e este homem também estava ferido, nós os trouxemos para cá. Eles deveriam entregar ajuda de forma adequada para que ela chegue até nós. Por exemplo, este tormento que presenciamos, presenciamos a morte em todos os seus aspectos", disse à Reuters o palestino Amal Al-Mughir, que testemunhou tudo.
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Apesar da intensa pressão internacional por um cessar-fogo para aliviar a fome e as condições terríveis no território palestino, os esforços para mediar uma trégua entre Israel e o grupo militante palestino Hamas fracassaram.
Já no norte da Faixa de Gaza, autoridades de saúde locais disseram que pelo menos 20 pessoas foram mortas por tiros israelenses enquanto esperavam por caminhões de ajuda da ONU (Organização das Nações Unidas).
Mais oito pessoas morreram de fome ou desnutrição nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza, enquanto pelo menos 80 morreram no último tiroteio israelense.
O número de mortos na Faixa de Gaza subiu para 61.020, com outros 150.671 feridos desde o início do conflito entre o Hamas e Israel em 7 de outubro de 2023, disseram as autoridades de saúde de Gaza em um comunicado nesta terça-feira.
Ajuda ainda é "muito insuficiente", diz ONU
As agências da ONU voltaram a alertar nesta terça-feira (5) que a ajuda humanitária permitida em Gaza ainda é insuficiente, enquanto monitores globais dizem que a fome está se espalhando no enclave.
"Espero que vocês entendam... a diferença entre essa quantia minúscula de ajuda que chegou agora, e todos esperam que eu bata palmas e diga obrigado, e as enormes necessidades que existem, com pessoas morrendo literalmente todos os dias. É realmente desproporcional", disse o porta-voz do OCHA, Jens Laerke, em uma coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça.
Também nesta terça-feira, a agência COGAT de Israel, que coordena a ajuda, disse que Israel permitiria a entrada gradual e controlada de mercadorias em Gaza por meio de comerciantes locais.
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Em resposta à crescente indignação internacional, Israel anunciou na semana passada medidas para permitir que mais ajuda chegue a Gaza , incluindo a interrupção dos combates por parte do dia em algumas áreas, aprovando lançamentos aéreos e anunciando rotas protegidas para comboios de ajuda.
Autoridades palestinas e da ONU dizem que Gaza precisa de cerca de 600 caminhões de ajuda por dia para atender às necessidades humanitárias, o número que Israel permitia entrar em Gaza antes da guerra.