Londres adota medidas severas contra poluição após tragédias históricas
Capital britânica viu a morte de uma criança e um nevoeiro mortal impulsionarem mudanças ambientais
A poluição do ar, que hoje afeta cidades em vários países ao redor do mundo, incluindo o Brasil, já causou grandes transtornos em Londres. No passado, um grave nevoeiro e a morte de uma criança levaram a capital britânica a adotar medidas rigorosas para reduzir os níveis de poluição.
+Estudo aponta que ao menos 12 rios brasileiros estão secando
A arquitetura de Londres, com seus prédios antigos, pode não remeter ao futuro, mas os veículos que circulam por entre essas construções mostram o contrário. A cidade, que já foi um caos de trânsito e poluição, mudou drasticamente, e muitos carros agora não são mais bem-vindos nas ruas da capital.
Em 2013, a pequena Ella Debrah, de nove anos, faleceu após sofrer uma parada cardíaca. A menina, que tinha asma, morreu em um dia de níveis extremamente altos de poluição. Após a tragédia, Rosamund, a mãe de Ella, foi aconselhada a investigar a qualidade do ar naquela noite e descobriu que a poluição foi um dos principais motivos da perda da filha. Em um caso inédito, a Justiça reconheceu a poluição como causa oficial de uma morte.
Rosamund desde então lidera uma fundação em nome da filha, com o objetivo de tornar o ar limpo um direito humano reconhecido pelas Nações Unidas. “Ter ar limpo deveria ser um direito humano”, diz ela.
+Eleições 2024: o que as pesquisas revelam sobre força e fraqueza de Nunes, Boulos e Marçal
A poluição do ar em Londres é um problema que já vem de séculos. Em 1952, o "Grande Nevoeiro" cobriu a cidade por menos de uma semana, mas foi suficiente para causar a morte de 4 mil pessoas. Esse evento foi o marco que levou à criação das primeiras leis antipoluição no Reino Unido.
De lá pra cá, muitas mudanças ocorreram. O uso de carvão foi reduzido, fábricas passaram a operar de maneira mais limpa, e, recentemente, os carros se tornaram o principal alvo das novas regras. Em 2019, Londres expandiu as zonas de controle de poluição veicular, forçando os veículos mais antigos a pagar taxas diárias de até 12,50 libras (cerca de 90 reais). Apenas carros mais novos, movidos a gasolina fabricados após 2006 e a diesel após 2015, estão isentos.
Essas medidas, que excluem apenas o Natal, já reduziram os níveis de poluição em áreas centrais da cidade em 53% em um ano. Além disso, há incentivos para a compra de carros elétricos e o uso de bicicletas. No entanto, nem todos estão satisfeitos. Diego, empresário, precisou comprar um carro novo para cumprir as regras. "Eu paguei 27 mil libras por meu carro, mas se não tivesse a regra, eu teria pago 16 mil libras", explica ele.