O que "Era uma Vez um Sonho", livro de J.D. Vance que virou filme, conta sobre o vice de Trump
Busca por obras inspiradas na vida do senador de Ohio aumentaram drasticamente após anúncio do republicano na chapa presidencial
O anúncio de J.D. Vance como vice de Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos, na última segunda-feira (25), fez a procura pela história do senador por Ohio aumentar drasticamente.
Em poucas horas, o livro de memórias escrito por Vance e o filme inspirado na obra ficaram em alta na Amazon e nas plataformas de streaming.
Segundo a agência Associated Press, o livro "Era uma Vez um Sonho", escrito pelo senador, saiu da 220ª posição no ranking para a primeira colocação em vendas no site da Amazon.
Um levantamento feito pela Luminate Data aponta que os streamings do filme, que recebe o mesmo nome do livro, aumentaram 1.180% somente na segunda-feira (15). Foram mais de 19,2 milhões de minutos combinados em visualizações da obra, dirigida por Ron-Howard.
Até a manhã desta quarta-feira (17), o filme estava ranqueado em 4º como o mais assistido na plataforma Netflix, nos Estados Unidos.
Impulso na trajetória
"Era uma Vez um Sonho" foi pensado pela primeira vez por J.D. Vance na faculdade de Direito. O bestseller do político sobre suas raízes na zona rural de Kentucky e na classe trabalhadora de Ohio o transformou em uma celebridade nacional logo após sua publicação, no verão de 2016. A obra se tornou um ponto de discussão cultural após a surpreendente vitória de Donald Trump em novembro daquele ano.
O republicano de Ohio foi, desde então, eleito para o Senado dos EUA e, nesta segunda-feira, foi escolhido como companheiro de chapa de Trump na busca do ex-presidente por um retorno à Casa Branca.
Ele tem 39 anos e seria o vice-presidente mais jovem desde Richard Nixon, que serviu dois mandatos sob Dwight Eisenhower, começando em 1953.
O livro
Em "Era uma Vez um Sonho", Vance reflete sobre a transformação dos Apalaches de democrata em republicano, compartilhando histórias sobre sua vida familiar caótica e sobre comunidades que haviam declinado e pareciam ter perdido a esperança. Vance pensou pela primeira vez no livro enquanto estudava na Universidade Yale, e o completou no início dos seus 30 anos, quando foi finalmente publicado pela HarperCollins.
"Eu estava muito incomodado com essa questão de por que não havia mais crianças como eu em lugares como Yale, por que não há mais mobilidade ascendente nos Estados Unidos?", disse Vance à Associated Press em 2016.
"Senti que, se escrevesse um livro muito franco e, às vezes, doloroso, abriria os olhos das pessoas para a matriz muito real desses problemas", afirmou. "Se eu escrevesse um ensaio mais abstrato ou esotérico, não tantas pessoas prestariam atenção, porque assumiriam que eu era apenas mais um acadêmico discursando, e não alguém que olhou para esses problemas de uma maneira muito pessoal", completou Vance.
O subtítulo do livro – "Uma Memória de uma Família e Cultura em Crise" – foi inicialmente elogiado por conservadores por suas críticas ao bem-estar social e ao que Vance via como "muitos jovens imunes ao trabalho duro".
Após a eleição de Trump, o livro de Vance tornou-se um guia não oficial para liberais perplexos tanto pela ascensão de Trump quanto pelos laços compartilhados entre alguns dos residentes mais pobres do país e o homem rico do setor imobiliário de Nova York que se tornou estrela de TV.
Ao mesmo tempo, o livro foi fortemente criticado, inclusive por integrantes das comunidades dos Apalaches que Vance estava retratando. As críticas mais comuns eram de que ele simplificava a vida rural e evitava o papel do racismo na política.