Israel interrompe transmissão e apreende equipamentos de jornalistas de agência americana
Ministério de Comunicações israelense afirmou que vai “limitar as transmissões que prejudicam a segurança do Estado"
A agência de notícias americana Associated Press denunciou as as autoridades israelenses por apreender seus equipamentos de reportagem e derrubar a transmissão que fazia ao vivo da Faixa de Gaza, nesta terça-feira (21).
Segundo a denúncia, oficiais do governo de Israel teriam entrado na redação do canal, no sul do estado, com um documento assinado pelo ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, acusando a agência de violar uma nova lei midiática.
A nova lei aprovada por Israel proíbe qualquer emissora de repassar imagens para a Al Jazeera, canal com sede no Catar.
Lauren Easton, vice-presidente da AP, repudiou a decisão do governo de Benjamin Netanyahu e justificou que as imagens estavam sendo transmitidas também para organizações de notícias de outros países.
“A paralisação se baseou no uso abusivo por parte do governo israelense da nova lei de emissoras estrangeiras do país. Apelamos às autoridades israelitas para que devolvam o nosso equipamento e nos permitam restabelecer imediatamente a nossa transmissão ao vivo, para que possamos continuar a fornecer este importante jornalismo visual a milhares de meios de comunicação em todo o mundo”, disse Lauren Easton.
A AP recebeu ordens, na última quinta-feira (17), para encerrar a transmissão, mas se recusou a cumpri-la. Contra o governo de Netanyahu, a oposição liderada por Yair Lapid classificou o ato como censura contra a agência e “um ato de loucura”.
Em nota, o Ministério de Comunicações afirmou que vai continuar tomando medidas necessárias para “limitar as transmissões que prejudicam a segurança do Estado”.
A Associação de Imprensa Estrangeira condenou a ação do país e afirmou que a lei “poderia permitir a Israel bloquear a cobertura midiática de praticamente qualquer evento noticioso por vagas razões de segurança”.
Os Estados Unidos, país que mais apoia os israelenses, chamaram a atenção para a necessidade e a importância do exercício do jornalismo, mas não repreendera as ações do governo de Netanyahu.
Al Jazeera
No dia 5 de maio, autoridades israelenses fecharam os escritórios da rede Al Jazeera no país. Além disso, foram cancelados credenciamentos, transmissões e o site da emissora.
"A Al Jazeera condena e denuncia o ato criminoso de violência aos Direitos Humanos e ao direito básico de acesso à informação. A Al Jazeraah afirma o direito de continuar a divulgar notícias e informações para sua audiência global."