Amal Clooney fez parte de decisão que pediu prisão de líderes de Israel e Hamas
Advogada especializada em direito penal internacional foi fundamental para decisão do Tribunal Penal Internacional

Vithor Laureano
Amal Clooney, conhecida por representar vítimas de atrocidades em massa, fez parte da avaliação feita pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) que avaliou evidências de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Israel e Gaza. A confirmação foi feita nesta segunda-feira (20) em um comunicado no site da Clooney Foundation for Justice.
A informação foi divulgada no mesmo dia em que o procurador do Tribunal, Karim Khan, pediu que seja expedido um mandado de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e contra o ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade na região.
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O procurador também pediu a prisão de três líderes do Hamas, Yehia Sinwar, Mohammed Deif e Ismail Haniyeh, por crimes contra os direitos humanos na Faixa de Gaza e em Israel. Em 7 de outubro de 2023, militantes do Hamas invadiram comunidades próximas da fronteira e sequestraram civis israelenses.
Amal Clooney, advogada no Doughty Street Chambers em Londres e professora adjunta na Columbia Law School, é casada com o ator George Clooney. Junto com o marido, ela fundou a Clooney Foundation for Justice, que oferece apoio jurídico gratuito a vítimas de abusos de poder.
Clooney enfatizou a unanimidade das conclusões do painel, apesar da diversidade de origens dos membros e afirmou que participou do painel por acreditar no estado de direito e na proteção de vidas civis.
"A lei que protege os civis na guerra foi desenvolvida há mais de 100 anos e se aplica em todos os países do mundo, independentemente dos motivos de um conflito", disse Clooney.
Ela também já representou vítimas yazidis de genocídio em casos contra membros do ISIS e foi advogada de vítimas de genocídio em Darfur, no Sudão, além de ajudar a garantir a liberdade de prisioneiros políticos em todo o mundo.
Entenda o painel
O painel, composto por oito renomados especialistas jurídicos, incluindo Theodor Meron, ex-presidente do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, e Lord Justice Fulford, ex-juiz do TPI, também determinou por unanimidade que o Tribunal possui jurisdição sobre crimes cometidos em territórios palestinos e por nacionais palestinos.
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O TPI agora considerará a solicitação de Khan para os mandados de prisão.
Tanto o Hamas quanto os políticos israelenses condenaram os mandados de prisão. Netanyahu qualificou-os como uma "paródia de justiça" e uma "decisão ultrajante" que "cria uma equivalência moral distorcida e falsa entre os líderes de Israel e os capangas do Hamas."
Embora Israel não seja membro do TPI, o tribunal afirma ter jurisdição sobre a região, incluindo Gaza, Jerusalém Oriental e Cisjordânia, desde que os líderes palestinos formalmente aderiram aos princípios fundadores do tribunal em 2015.