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Israel e Líbano estão próximos de fechar acordo de cessar-fogo, diz premiê

Proposta limita atuação na fronteira a soldados libaneses e determina desarmamento do Hezbollah

Israel e Líbano estão próximos de fechar acordo de cessar-fogo, diz premiê
Primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati | Reprodução
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O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, afirmou, na noite de quarta-feira (30), que o país está próximo de chegar a um acordo de cessar-fogo com Israel. O político vem ajudando a mediar as negociações, já que, apesar de não estar em guerra, o confronto entre Israel e o grupo extremista Hezbollah acontece em várias áreas do território libanês.

“As coisas hoje estão melhores do que ontem. Temos um optimismo cauteloso e os meus contatos internacionais visam apoiar o cessar-fogo e confirmar a disponibilidade do Líbano para implementar a Resolução 1701 para estabelecer a estabilidade”, disse Mikati.

Ao falar da Resolução 1701, o premiê referiu-se ao despacho da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, aprovado em 2006, tem como objetivo pôr fim às hostilidades entre Israel e Hezbollah e estabelecer um cessar-fogo permanente e a criação de uma “zona tampão” no Líbano – sede do grupo extremista.

Apesar de ter sido implementado há quase duas décadas, o governo libanês afirma que Israel já violou a resolução mais de 7 mil vezes. O mesmo é dito pela ONU, que conta com mais de 10 mil soldados de paz ao longo da fronteira sul do Líbano e fronteira norte de Israel, a chamada “Linha Azul”, para monitorar o cumprimento da resolução.

Entre 8 de outubro de 2023 e 30 de junho de 2024, os soldados detectaram 15 mil disparos, dos quais 12 mil foram de sul a norte da Linha Azul e 2 mil de norte a sul. Embora a maioria das trocas de tiros tenham sido confinadas a poucos quilômetros de cada lado da Linha Azul, vários ataques atingiram até 130 km no Líbano e 30 km em Israel.

Na proposta de cessar-fogo, os países determinaram que o exército libanês e os soldados de paz da ONU serão as únicas forças armadas na Linha Azul. Também foi estipulado que o Líbano desarme, em até 60 dias, qualquer grupo militar não oficial no sul do país, como o Hezbollah, e que, em caso de ameaça, Israel terá o direito de responder.

Caso seja aceito, a implementação do acordo será supervisionada pelos Estados Unidos, que está auxiliando na mediação, e outros países ainda a serem definidos. Caso Israel ou o Líbano não cumpram as determinações, ambos estarão sujeitos a sanções econômicas.

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“Entrei em contato com o enviado americano Amos Hockstein a caminho da região e esperamos alcançar um cessar-fogo em breve. No entanto, Hockstein não confirmou a sua visita ao Líbano depois de chegar a Israel diretamente da América. Esperamos que os próximos dias tragam notícias positivas”, disse o premiê libanês.

Entenda o conflito

O Líbano voltou a ser palco dos confrontos entre Israel e o Hezbollah este ano, quase duas décadas após a última guerra. A tensão começou a aumentar em outubro de 2023, quando Israel iniciou a ofensiva na Faixa de Gaza. Para demonstrar apoio ao Hamas, o grupo começou a disparar projéteis contra Israel, que decidiu responder.

As hostilidades se intensificaram após a explosão de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah – em ação atribuída a Israel. Isso fez o grupo lançar novos ataques contra Israel, que está respondendo com uma onda de bombardeios. Ao todo, já foram registradas mais de mil mortos, incluindo sete líderes do Hezbollah.

Em outubro, Israel iniciou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano. Pouco tempo depois, o Hezbollah começou a lançar mísseis contra Israel – a maioria interceptados – e avançar na fronteira com a ajuda de artilharia. O Irã, que apoia o grupo extremista, também entrou no conflito, lançando cerca de 180 mísseis em direção a Tel Aviv.

Os confrontos entre Israel e Hezbollah passaram do sul do Líbano para várias partes do país. Isso resultou no deslocamento de mais de 800 mil pessoas até o momento, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Destes, 425 mil cruzaram a fronteira do Líbano para a Síria até 21 de outubro.

O temor é que a escalada dos conflitos provoque uma guerra regional no Oriente Médio. Isso porque os combates entre Israel e Hezbollah no Líbano acontecem em meio à guerra na Faixa de Gaza, onde Israel tenta “destruir” o Hamas. Os recentes ataques israelenses contra o Irã, que prometeu retaliação, também aumentam a preocupação.

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