Israel concorda em considerar preocupações dos EUA sobre ofensiva em Rafah
Autoridades afirmaram que irão realizar debates de acompanhamento sobre possível invasão; cidade é último abrigo de 1,5 milhão de palestinos
Israel concordou em considerar as preocupações dos Estados Unidos sobre uma possível ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. A decisão foi anunciada na noite dessa segunda-feira (1º), após o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, se reunir, virtualmente, com integrantes do Grupo Consultivo Estratégico (SCG) de Israel.
+ Biden conversa com Netanyahu sobre ajuda humanitária em Gaza e ofensiva em Rafah
"O lado dos EUA expressou a sua preocupação com vários cursos de ação em Rafah. A parte israelense concordou em ter em conta estas preocupações e em realizar debates de acompanhamento entre peritos. As discussões de acompanhamento incluiriam uma reunião presencial do SCG já na próxima semana", diz o comunicado conjunto.
O consenso entre os governos acontece após semanas de tensão entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Isso porque, apesar de apoiar a guerra de Israel contra o Hamas, o líder norte-americano vem refutando o plano de invasão em Rafah, já que é abrigo de 1,5 milhão de palestinos.
Em fevereiro, por exemplo, Biden afirmou que a ofensiva na cidade sem um plano de retirada e proteção dos civis cruzaria uma "linha vermelha". A declaração foi rebatida por Netanyahu, que defendeu a invasão para acabar com as últimas bases do Hamas.
"Você sabe o que é a linha vermelha? Que o 7 de outubro não volte a acontecer. Nunca mais. E para fazer isso, temos que completar a destruição do exército terrorista do Hamas", disse o premiê, referindo-se ao ataque do Hamas no festival de música eletrônica Universo Paralello. A ação resultou na morte de mais de 1,1 mil pessoas.
Além de Washington, a possível invasão israelense em Rafah também preocupa organizações internacionais. Segundo o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, a incursão militar na cidade é aterrorizante, uma vez que, pelo local ser o último local de abrigo dos palestinos, pode resultar numa carnificina.