Ataque aéreo israelense mata 7 trabalhadores humanitários em Gaza
Bombardeio aconteceu horas depois de o grupo trazer um novo carregamento de alimentos por uma rota marítima
Um ataque aéreo israelense matou sete trabalhadores humanitários internacionais da instituição de caridade World Central Kitchen na noite desta segunda-feira (1º). O bombardeio aconteceu horas depois de o grupo trazer um novo carregamento de alimentos por uma rota marítima, vista pelos Estados Unidos como uma alternativa de salvação para o norte de Gaza, isolado e levado à beira da fome pela ofensiva de Israel.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram os corpos dos cinco mortos no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, na cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza. Vários deles usavam equipamentos de proteção com o logotipo da instituição de caridade. Funcionários mostraram os passaportes de três dos mortos, que tinham nacionalidade britânica, australiana e polonesa. O quarto trabalhador humanitário ainda não teve a nacionalidade identificada.
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Os militares israelenses disseram que realizarão uma revisão "para compreender as circunstâncias desse trágico incidente". A World Central Kitchen, instituição de caridade fundada pelo chef José Andrés, disse estar ciente dos relatos e que "compartilhará mais informações quando reunir todos os fatos".
“Isso é uma tragédia. Os trabalhadores humanitários e os civis NUNCA devem ser um alvo. NUNCA”, disse a porta-voz da WCK, Linda Roth, em um comunicado.
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Mahmoud Thabet, paramédico do Crescente Vermelho Palestino que fazia parte da equipe que levou os corpos ao hospital, disse à Associated Press que os trabalhadores estavam em um comboio de três carros que atravessavam o norte de Gaza quando um míssil israelense os atingiram. Thabet disse que foi informado por funcionários da WCK que a equipe estava no norte coordenando a distribuição da ajuda recém-chegada e estava voltando para Rafah, no sul.
Três navios de ajuda de Chipre chegaram na segunda-feira transportando cerca de 400 toneladas de alimentos e suprimentos organizados pela instituição de caridade e pelos Emirados Árabes Unidos – o segundo carregamento do grupo após uma viagem piloto no mês passado. Os militares israelenses estiveram envolvidos na coordenação de ambas as entregas.
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Os EUA elogiaram a rota marítima como uma nova forma de entregar a ajuda necessária ao norte de Gaza, onde a ONU afirma que a população está à beira da fome, em grande parte isolada do resto do território pelas forças israelenses.
Israel proibiu a UNRWA, principal agência da ONU em Gaza, de fazer entregas para o norte, enquanto outros grupos de ajuda dizem que enviar comboios de caminhões para o norte tem sido perigoso, devido ao fracasso dos militares em garantir uma passagem segura.
O ataque ocorreu horas depois de as tropas israelenses encerrarem um ataque de duas semanas ao Hospital Shifa, o maior de Gaza, deixando a instalação praticamente destruída e uma faixa de destruição nos bairros vizinhos. Os edifícios principais de Shifa foram reduzidos a restos queimados.