Israel ameaça destruir Cidade de Gaza caso Hamas não concorde com termos de cessar-fogo
Ministro da Defesa afirmou que "portões do inferno" se abrirão em breve; governo pede libertação de reféns e desarmamento do grupo

Camila Stucaluc
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, disse que a Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza, será destruída caso o Hamas não concorde com os termos de cessar-fogo impostos pelo país. A declaração foi feita nesta sexta-feira (22), após o gabinete aprovar uma nova ofensiva militar na região.
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“Em breve, os portões do inferno se abrirão sobre as cabeças dos assassinos e estupradores do Hamas - até que eles concordem com as condições de Israel para acabar com a guerra, principalmente a libertação de todos os reféns e seu desarmamento. Se eles não concordarem - Gaza se tornará Rafah e Beit Hanoun”, disse Katz, referindo-se a duas cidades reduzidas a escombros em meio à guerra.
O plano para invadir a Cidade de Gaza foi anunciado por Israel ainda no começo da semana. Os militares alegam que o município é a sede do Hamas na Faixa de Gaza e que abriga uma extensa rede de túneis, utilizados pelo grupo como rota de fuga, estoque de armas e, em alguns casos, cativeiro de reféns.

Segundo Katz, o exército já começou a emitir ordens de evacuação na cidade, incluindo para equipes médicas e organizações internacionais. Ao todo, 1 milhão de pessoas habitam a região. Todos foram orientados a seguir para a área de Al Mawasi, no sul de Gaza.
O plano israelense foi condenado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que afirmou que a ofensiva resultará no massacre de civis, em novos deslocamentos forçados e na destruição de infraestrutura essenciais, como hospitais. A entidade ainda criticou a orientação do exército sobre Al Mawasi, uma vez que o local continua sendo alvo de bombardeios e não tem acesso a serviços básicos.
Acordo de cessar-fogo
No início desta semana, o Hamas concordou com uma proposta de cessar-fogo de 60 dias, mediada pelo Catar e pelo Egito. O acordo prevê a libertação de 10 reféns israelenses vivos, mantidos em Gaza pelo Hamas, e de 18 corpos. Em troca, Israel libertaria cerca de 200 prisioneiros palestinos detidos no país.
A proposta foi rejeitada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que enfatizou que havia instruído o início de novas negociações para a libertação de todos os 50 reféns restantes em Gaza. O premiê disse ainda que exigiria o desarmamento completo do Hamas para acabar com a guerra.
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"Dei instruções para iniciar negociações imediatas para a libertação de todos os nossos reféns e o fim da guerra em termos aceitáveis para Israel. Essas duas questões - derrotar o Hamas e libertar todos os nossos reféns - andam de mãos dadas", disse Netanyahu após se encontrar com militares na divisão de Gaza.