Índia: milhares protestam após estupro e morte de médica estagiária em hospital público
Pai da vítima recebeu proposta de indenização, recusou e pediu "justiça"; manifestação também reivindica condições de trabalho na área da saúde
Milhares de pessoas foram às ruas, em diferentes cidades da Índia, para protestar pela segurança das mulheres e por melhores condições de trabalho para profissionais de medicina após uma médica estagiária ser estuprada e morta dentro de um hospital público, na cidade de Calcutá.
Na quinta-feira (15), o pai da vítima se reuniu com o Centro de Investigação do país, que acompanha o caso, e recebeu uma oferta de indenização pela morte da filha, mas foi recusada, segundo o Hindustan Times, uma das principais agências de notícias indianas.
"Recusei a indenização. Vai doer na minha filha se eu aceitar dinheiro como indenização pela morte dela. Quero justiça", disse ele aos repórteres.
O caso ocorreu no dia 9 de agosto, mas os protestos se intensificaram nessa semana. Também na quinta-feira, dia da Independência do país, manifestantes e policiais ficaram feridos em um confronto durante reivindicações em um dos principais campus de medicina, no leste da Índia.
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Segundo o Registro de Crimes da Índia (National Crime Records Bureau), em 2022, a polícia registrou 31.516 denúncias de estupro, um aumento de 20%, em relação ao ano anterior.
Apesar do alto número de casos, muitas denúncias contra crimes sexuais que atingem as mulheres não são repassadas pelas autoridades legais devido ao estigma em torno da violência sexual, além da baixa confiança no sistema policial e judiciário.
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Organizações sociais do país pela luta feminina afirmam que o problema é ainda mais grave em áreas rurais, onde a própria comunidade envergonha as vítimas de agressão sexual e as posições sociais das famílias envolvidas.
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No campo da saúde, hospitais governamentais, em diferentes regiões, suspenderam os serviços médicos, exceto o atendimento emergencial, reivindicando justiça, além de denunciar que o crime cometido contra a estagiária foi praticado por mais de uma pessoa. Até o momento, ninguém foi preso.
Além disso, o premiê Narendra Modi condenou os crimes contra as mulheres.