Hamas diz que só deixará armas se Estado palestino independente for criado
Israel quer que grupo palestino se desarme para negociar cessar-fogo de 60 dias na guerra em Gaza
Reuters
O Hamas afirmou neste sábado (2) que não se desarmará a menos que um Estado palestino independente seja estabelecido – uma nova resposta a uma exigência israelense fundamental para acabar com a guerra em Gaza.
As negociações indiretas entre o Hamas e Israel com o objetivo de garantir um cessar-fogo de 60 dias no conflito e um acordo para a libertação de reféns terminaram na semana passada em um impasse.
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Na terça-feira (29), Catar e Egito, mediadores dos esforços de cessar-fogo, endossaram uma declaração da França e da Arábia Saudita que delineava os passos para uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino. Na solução sugerida, o Hamas deveria entregar suas armas à Autoridade Palestina, apoiada pelo Ocidente.
Em comunicado, o Hamas – que domina Gaza desde 2007, mas tem sido militarmente atingido por Israel na guerra – disse que não poderia ceder seu direito à "resistência armada" a menos que um "Estado palestino independente e totalmente soberano com Jerusalém como sua capital" seja estabelecido.
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Israel considera o desarmamento do Hamas uma condição fundamental para qualquer acordo que ponha fim ao conflito, mas o Hamas tem afirmado repetidamente que não está disposto a abandonar seu armamento.
No mês passado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu qualquer futuro Estado palestino independente como uma plataforma para destruir Israel e disse que, por esse motivo, o controle de segurança sobre os territórios palestinos deve permanecer com Israel.
Ele também criticou vários países, inclusive o Reino Unido e o Canadá, por terem anunciado planos de reconhecer um Estado palestino em resposta à devastação de Gaza causada pela ofensiva e pelo bloqueio de Israel à ajuda humanitária em Gaza. O premiê classifica a medida como recompensa pela conduta do Hamas.
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A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e levando 251 reféns para Gaza.
O subsequente ataque militar de Israel a Gaza destruiu grande parte do enclave, matando mais de 60.000 palestinos e desencadeando uma catástrofe humanitária.
Israel e o Hamas trocaram acusações depois que a mais recente rodada de negociações terminou em um impasse, com lacunas persistentes sobre questões como a extensão da retirada militar israelense.