Guerra na Ucrânia: Putin diz estar pronto para sediar reunião com Zelensky em Moscou
Ideia foi rejeitada pelo líder ucraniano, que disse ter sugerido países neutros para encontro

Camila Stucaluc
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse estar pronto para sediar uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Em declaração nesta sexta-feira (5), durante o Fórum Econômico Oriental, o líder afirmou que o melhor lugar para negociar um possível acordo de paz seria Moscou.
“Se alguém realmente quiser se encontrar conosco, estamos prontos. O melhor lugar para isso é a capital da Rússia, a cidade heroína de Moscou. Estamos prontos para reuniões do mais alto nível. Estou pronto, por favor, venham. Definitivamente, forneceremos condições de trabalho e segurança", disse Putin.
A ideia foi imediatamente descartada por Zelensky, que ressaltou que vários países neutros foram sugeridos para sediar as negociações de paz. “Apoiamos qualquer formato, reunião bilateral, reunião trilateral. Mas não sentimos que Putin esteja pronto para acabar com esta guerra. Ele pode falar, mas são apenas palavras”, disse.
O encontro entre os líderes é esperado desde meados de agosto, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrou com Putin e Zelensky, separadamente, em Washington. Após os diálogos, que englobaram as exigências russas e as medidas de segurança impostas pela Ucrânia, o republicano afirmou que ambos estavam de acordo em se encontrar pessoalmente para debater o fim da guerra.
Inicialmente, esperava-se uma reunião em até duas semanas, mas decisões sobre agenda e local de encontro não foram definidas. Nesta semana, Putin sinalizou estar disposto a conversar pessoalmente com Zelensky, mas desde que o encontro fosse cuidadosamente preparado e produzisse “resultados tangíveis”.
Tropas estrangeiras na Ucrânia
Nesta sexta-feira, Putin ainda comentou sobre a intenção do Ocidente de enviar tropas militares à Ucrânia no pós-guerra. Na noite anterior, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que 26 dos aliados de Kiev se comprometeram formalmente com o envio de militares ao país, visando fornecer medidas de segurança e evitar uma nova invasão. Para o líder russo, a ideia não faz sentido.
"Se alguma tropa aparecer lá, especialmente durante as hostilidades em andamento, presumimos que serão alvos legítimos para derrota", disse Putin. “E se forem tomadas decisões que levem a uma paz duradoura, então simplesmente não vejo razão para a presença deles em território ucraniano. Ponto final”, acrescentou o presidente russo.
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Desde o início da guerra, a Rússia exige que a Ucrânia abandone a ideia de ingressar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O Kremlin classifica como ameaça a expansão da aliança militar pelo Leste Europeu, uma vez que quase todos os países fronteiriços já pertencem ao bloco. Exemplo disto é a Finlândia, que procurou ingressar no bloco militar assim que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022.