Governo de Israel vota acordo de cessar-fogo no Líbano nesta terça-feira
Ideia é garantir a Resolução 1701 da ONU, que põe fim às hostilidades entre o país e o grupo extremista Hezbollah
O governo de Israel se reunirá, nesta terça-feira (26), para votar uma proposta de cessar-fogo no Líbano. Apesar de o grupo extremista Hezbollah – com quem Israel está em guerra aberta desde setembro – não participar diretamente das negociações, o governo libanês garantiu que os militantes cumprirão os termos do acordo.
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A proposta de cessar-fogo vem sendo discutida desde outubro. A ideia é garantir a Resolução 1701, aprovada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O texto põe fim às hostilidades entre Israel e Hezbollah e estabelece um cessar-fogo permanente, bem como a criação de uma “zona tampão” no Líbano – sede do grupo extremista.
Apesar de ter sido implementada há quase duas décadas, o governo libanês afirma que Israel já violou a resolução mais de 7 mil vezes. O mesmo é dito pela ONU, que conta com mais de 10 mil soldados de paz ao longo da fronteira sul do Líbano e fronteira norte de Israel, a chamada “Linha Azul”, para monitorar o cumprimento da resolução.
Na proposta de cessar-fogo, os países determinaram que o exército libanês e os soldados de paz da ONU serão as únicas forças armadas na Linha Azul. Também foi estipulado que o Líbano desarme, em até 60 dias, qualquer grupo militar não oficial no sul do país, como o Hezbollah, e que, em caso de ameaça, Israel terá o direito de responder.
Se aceito, a implementação do acordo será supervisionada por um comitê internacional, integrado por cinco países e liderado pelos Estados Unidos. Caso Israel ou o Líbano não cumpram as determinações, ambos estarão sujeitos a sanções econômicas.
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A proposta está dividindo o gabinete israelense. Enquanto alguns aprovam o acordo, outros rejeitam a ideia de cessar-fogo no Líbano. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, por exemplo, defende que Israel ignore o acordo e busque vitória na guerra. Já o ministro da Agricultura, Avi Dichter, ressalta a necessidade de uma trégua.
Entenda o conflito
O Líbano voltou a ser palco dos confrontos entre Israel e o Hezbollah este ano, quase duas décadas após a última guerra. A tensão começou a aumentar em outubro de 2023, quando Israel iniciou a ofensiva na Faixa de Gaza. Para demonstrar apoio ao Hamas, o grupo começou a disparar projéteis contra Israel, que decidiu responder.
As hostilidades se intensificaram após a explosão de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah – em ação coordenada por Israel. Isso fez o grupo lançar novos ataques contra Israel, que está respondendo com uma onda de bombardeios. Ao todo, já foram registradas mais de mil mortos, incluindo líderes do Hezbollah.
Em outubro, Israel iniciou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano. Pouco tempo depois, o Hezbollah começou a lançar mísseis contra Israel – a maioria interceptados – e avançar na fronteira com a ajuda de artilharia. O Irã, que apoia o grupo extremista, também entrou no conflito, lançando cerca de 180 mísseis em direção a Tel Aviv.
Os confrontos entre Israel e Hezbollah passaram do sul do Líbano para várias partes do país. Isso resultou em mais de 3 mil mortes e no deslocamento de mais de 800 mil pessoas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Destes, mais de 425 mil cruzaram a fronteira do Líbano para a Síria.
O temor é que a escalada dos conflitos provoque uma guerra regional no Oriente Médio. Isso porque os combates entre Israel e Hezbollah no Líbano acontecem em meio à guerra na Faixa de Gaza, onde Israel segue combatendo o Hamas. Os recentes ataques israelenses contra o Irã, que prometeu retaliação, elevam ainda mais a preocupação da comunidade internacional.