Mauro Vieira vê “paralisia” da ONU para conter guerras em Gaza e na Ucrânia
Na abertura de reunião do G20, chanceler brasileiro afirmou que Brasil não aceita resolução das diferenças por meio de forças militares
Mauro Vieira mantém posição em prol do fim dos conflitos nas guerras da Ucrânia e na Faixa de Gaza e afirmou que o G20 é um importante espaço para buscar a resolução de problemas. Segundo o chanceler brasileiro, outros fóruns como o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) estão “paralisados” diante da crescente dos confrontos.
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“As instituições multilaterais, contudo, não estão equipadas para lidar com os desafios atuais, como demonstrado pela inaceitável paralisia do Conselho de Segurança da ONU com relação aos conflitos em curso. Este estado de inação implica diretamente na perda de vidas inocentes. O Brasil não aceita o mundo onde as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar”, disse.
A reunião dos chanceleres das 20 maiores economias do mundo no Rio de Janeiro acontece em meio a uma crise entre Brasil e Israel, iniciada neste domingo (18), após o presidente Lula comparar a ofensiva israelense em Gaza com o Holocausto.
Desde então, autoridades israelenses tiveram uma série de respostas e posicionamentos contra o presidente Lula. Com a repercussão, o Brasil chamou o embaixador em Israel de volta. Caso as menções permaneçam, o Itamaraty avalia expulsar do país o embaixador israelense no país. No entanto, Vieira manteve posição diplomática e não citou o desentendimento em seu discurso.
O ministro também criticou o alto investimento mundial para guerra e orçamento militar. Segundo ele, a monta ultrapassa US$ 2 trilhões. Segundo ele, programas de ajuda e desenvolvimento ficam na faixa de U$ 60 bilhões, menos de 3% dos gastos militares. Vieira cita também que depósitos feitos com o acordo de Paris chegam a US$ 100 bilhões, menos de 5% dos gastos com armas e treinamentos militares.
Mauro Vieira tratou também das prioridades do Brasil na presidência do G20: o combate à fome, à pobreza e às desigualdades, a transição energética e enfrentamento às mudanças climáticas e a reforma da governança das instituições internacionais.
“Meu país gostaria de contar com apoio de todos os membros para que na cúpula de líderes, também no Rio de Janeiro em novembro próximo, para que as 20 maiores economias do mundo possam anunciar uma contribuição efetiva para erradicar a pobreza no mundo”, disse Vieira.
O encontro de chanceleres desta quarta-feira é uma prévia da reunião de chefes de Estado do G20, que será realizada em novembro deste ano, também no Rio de Janeiro.