França critica acordo entre União Europeia e Trump: "ato de submissão"
Autoridades francesas acusam UE de se submeter aos EUA com acordo comercial desequilibrado; Alemanha e Itália adotam postura mais branda

SBT News
com informações da Reuters
O acordo comercial firmado neste domingo (27) entre a União Europeia e os Estados Unidos gerou forte reação negativa de autoridades, partidos políticos e empresários na Europa nesta segunda-feira (28). A França classificou o pacto como um “dia sombrio” para o continente, acusando o bloco europeu de se curvar ao presidente dos EUA, Donald Trump.
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O acordo estabelece uma tarifa de 15% sobre produtos da UE, enquanto as importações americanas ficam temporariamente isentas de retaliações por parte da Europa.
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, foi um dos mais críticos, relembrando que a França vinha pedindo há meses uma postura mais firme dos negociadores europeus. Ele defendeu uma resposta proporcional às ações de Trump, em contraste com as abordagens mais conciliatórias de países como Alemanha e Itália.
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" É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses, se resigna à submissão, escreveu Bayrou no X, chamando o pacto de “acordo Von der Leyen-Trump.”
O silêncio do presidente francês Emmanuel Macron desde a assinatura do acordo contrasta com as reações mais contida de Berlim e Roma. Apesar de reconhecerem que o pacto prevê isenções para setores estratégicos, como bebidas alcoólicas e aeroespacial, autoridades francesas afirmaram que ele segue "fundamentalmente desequilibrado".
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O ministro francês de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, pediu que a União Europeia acione o chamado instrumento anti-coerção, que permite aplicar medidas retaliatórias não tarifárias. Já o ministro do Comércio, Laurent Saint-Martin, criticou a condução das negociações:
" Donald Trump só entende de força. Teria sido melhor responder com retaliação mais cedo. E o acordo provavelmente poderia ter sido diferente", afirmou em entrevista à rádio France Inter.
Macron havia defendido publicamente que a UE respondesse com medidas equivalentes caso os EUA impusessem tarifas. No entanto, a linha mais branda, defendida pelo chanceler alemão Friedrich Merz e pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, acabou prevalecendo. Alemanha e Itália têm maior dependência das exportações para os Estados Unidos em relação à França.