EUA: Promotores apontam que Trump “recorreu a crimes privados” após perder eleições de 2020
Novo processo argumenta que ex-presidente não tem direito à imunidade nas acusações
Um novo processo judicial contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, divulgado na quarta-feira (2), aponta que o republicano “recorreu a crimes privados” para anular sua derrota nas eleições de 2020. Com isso, os promotores argumentam que o político não tem direito à imunidade, como decidido pela Suprema Corte.
Isso porque a decisão do Tribunal foi baseada no fato de que Trump era presidente na época dos fatos e, portanto, estava protegido de responsabilidade criminal. No processo, contudo, os promotores alegam que, embora estivesse no cargo, o republicano agiu como “cidadão comum” e por “interesse próprio” para derrubar o resultado do pleito.
“O tribunal deve determinar que o réu deve ser julgado por seus crimes privados como faria com qualquer outro cidadão", escreveu o procurador especial Jack Smith, nomeado para liderar o caso de interferência eleitoral contra Trump.
No processo, é dito que Trump agiu contra o resultado do pleito antes mesmo de ser derrotado por Joe Biden. Os promotores apontam que o político planejava declarar vitória antes que a apuração fosse finalizada. Ele também divulgou, conscientemente, alegações de fraude eleitoral para já incentivar os apoiadores caso perdesse o pleito.
Um funcionário da Casa Branca chegou a ouvir Trump dizendo que não importava se ganhasse ou perdesse a eleição. Também foi citado que o ex-presidente não expressou reação quando soube que seu vice-presidente havia sido levado para um local seguro quando os manifestantes invadiram o Capitólio. “E daí”, teria dito ele.
O processo afirma ainda que Trump e seus aliados, incluindo o advogado Rudy Giuliani, procuraram "explorar a violência e o caos no Capitólio", em 6 de janeiro de 2021, para atrasar a certificação da eleição. O grupo teria ligado para senadores e deixado mensagens de voz que pediam que se opusessem aos eleitores estaduais.
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A abertura do novo processo acontece cerca de um mês antes da eleição presidencial, na qual Trump está concorrendo com a vice-presidente Kamala Harris. Segundo os promotores, o objetivo é persuadir a Justiça de que os crimes de conspiração para derrubar o resultado do pleito foram cometidos em “caráter privado”, possibilitando um julgamento.