Entre pedidos de cessar-fogo rejeitados, vidas se transformam em corpos enrolados em lençóis
Jerusalém Oriental vira “panela de pressão” com grupos convivendo e aproximação do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos
Já são quase 31 mil mortos segundo o Ministério da Saúde de Gaza após as investidas de Israel no território palestino. O número também é usado por organizações internacionais, como a Nações Unidas. Bombas, tiros e, agora, a fome assola quem está na Faixa de Gaza.
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No sábado (09), bombardeios aéreos atingiram Deir Al-Balah e Rafah, onde Israel chegou a avisar os moradores de um prédio de 12 andares. Lá, dona Naja afirmou que “não deu tempo de pegar nada”. Muitos sequer conseguiram sair e outros tantos sequer foram avisados.
Com pedidos de cessar-fogo rejeitados por autoridades israelenses, que visa destruir o Hamas e a libertação dos mais de 100 reféns mantidos pelo grupo, as consequências vão além da organização. São vidas se transformando em corpos enrolados em lençóis.
Ruas em protesto, ruas onde todos passam – com restrições
A guerra já deixa resquícios: milhares de pessoas foram às ruas de vários países no sábado, contra os ataques. Pelas ruas estreitas da Cidade Velha de Jerusalém, passam muçulmanos, judeus e cristãos. É a representação de uma convivência que, entre os dois primeiros grupos, quase não existe.
“Eles disseram que o acesso seria mais fácil, mas não é verdade. Eles estão aumentando as restrições”, disse Ehab, morador de Jerusalém Oriental, que não conseguiu ir até Al Aqsa, mesquita que é um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos.
Ajuda brasileira barrada, negociações difíceis e mês sagrado se aproximando
Um navio que sairia do Chipre com comida e água está atracado por problemas de logística, pois o porto flutuante que os Estados Unidos anunciaram não ficaria pronto em menos de dois meses. Tempo demais para quem implora por mantimentos.
Enquanto isso, purificadores de água enviados pelo Brasil foram barrados, segundo fontes do Itamaraty, porque funcionam com energia solar, algo que Israel considera que poderia ser usado por seus inimigos.
Entre atracações e barreiras, as negociações por um cessar-fogo seguem estagnadas. “Parece difícil”, confirmou Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, admitindo que está preocupado com a violência em Jerusalém Oriental.
Preocupação que também atinge quem vive na região, de maioria árabe e sob ocupação israelense. Uma panela de pressão prestes a explodir, cercada por muralhas que guardam lugares sagrados para cristãos, judeus e muçulmanos. Os últimos, nas próximas horas, começam a celebrar o Ramadã, mês sagrado do islamismo, o que deixa tudo mais sensível e imprevisível naquela parte do mundo.